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Intolerância e vacilaçao – quando a marca nao sabe o que quer
O episódio do fechamento da exposiçao “Queermuseu”, em Porto Alegre, na semana passada, mostra mais do que simples intolerância. Salta aos olhos, no caso, a juniorizaçao das instâncias de decisao institucional e mercadológica do patrocinador – Banco Santander – e que parece ser geral nas empresas brasileiras. Qualquer cidadao minimamente informado preveria que a mostra nao escaparia de protestos de setores conservadores. O Santander, sua diretoria e seu departamento de marketing certamente tinham isso em conta. Se lançaram a exposiçao, é porque calcularam o eventual risco. No entanto, à menor grita dos articulados adolescentes conservadores do MBL, a instituiçao tremeu – e desistiu de uma decisao estratégica já em pleno curso. A ameaça dos garotos era boicotar o banco, manter uma campanha para que os clientes fechassem suas contas no banco espanhol. Um estudante mediano de comunicaçao sabe que esse tipo de debate, mesmo que conflituoso, como era o caso, só traz benefícios à marca. Liberdade é um valor que alguns vao à rua defender, mas a maioria apoia em silêncio. Por outro lado, bastava uma declaraçao de 15 minutos à imprensa, mostrando duas ou três obras expostas na Galeria Degli Ufizzi ou no (a turma adora!) Whitney Museum of Modern Art para acalmar de vez a classe média eventualmente incomodada (claro, os garotos do MBL seguiriam estrilando – e gerando justamente o efeito “falem-mal-mas-falem-de-mim”). Preocupa, no episódio, que apenas grupos defensores das causas LGBT tenham vindo a público para protestar. Essa nao é uma causa gay. É uma causa da liberdade. Assim, interessa – e ameaça – a todos.
Glaucia
É ridículo expor a maioria dessas obras, principalmente as de zoofilia, e muito mais patrocinar. Acham mesmo que o marketing calculou isso certo?
Belfran
Quem Jayme Serva? Um gênio do marketing cultural? Santander errou em não contratá-lo.
Brazileiro S.A.
Pedofilia e zoofilia não têm nada de liberdade. Foi pura provocação.
Gláucia
A questão é que as pessoas estão confundindo bom senso e respeito alheio com intolerância. Levar crianças a verem gravuras de sexo com animais ou ofender a religião alheia para a cabeça de alguns é algo que deveria ser aplaudido. Me dão licença… Mas, isso vai muito além do MBL, isso tem a ver como cada cidadão se sentiu. Ou melhor dizendo, as pessoas apenas se identificaram com a total falta de empatia e com o desrespeito às suas crenças e valores. Aceitem a castração que dói menos!
Marco Antoni
Eu poderia entrar aqui com varios discursos, um retórica moralista condenando a exposição ou uma gayzista de esquerda defendendo, mas uma apenas serve pra colocar a abaixo qualquer uma. Vilipendiar objeto de culto é crime, Art. 208, lei é lei. Transformar o caso Santander em discussão ideológica é babaquice. Por isso vou com apenas esse argumento. Acha injusta a lei, se mobilize, faça a abaixo assinado, procure o deputado que vc votou e não lembra o nome e peça sua ajuda. Mude as leis e voltamos para discutir esse assunto. Um abraço.
Treici
Colocaram indicação etária? Avisaram o cidadão que algumas obras poderiam ser perturbadoras? Que algumas obras conteriam nudez e sexo explícito etc? Bom senso e respeito com os outros sempre. Se tivessem feito direito, isso não teria acontecido. Fácil chamar os outros de “conservadores” e achar que a culpa é do olhar alheio…… não se trata de uma galeria de arte, mas de um centro cultural importante na cidade. um local que atrai muitas pessoas.
@wandererdorothy
excelente texto. um dos melhores comentários e o único que chamou a atenção para uma solução factível, responsável, respeitosa, como alternativa ao cancelamento.