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1 novo modelo de jornalismo oferecido à audiencia pelos ventos dos protestos
Texto do Luciano Martins Costa no Observatorio da Imprensa, publicado hoje sob o titulo Um novo modelo
Se os jornais nao se empenham em cobrar uma aceleraçao do processo de reforma (que o povo pediu nas ruas) é de se questionar por onde a sociedade irá se informar sobre o que anda acontecendo nos bastidores do poder.
Os blogueiros independentes ainda nao conseguiram formar um conjunto capaz de atrair grandes audiências e a agenda institucional segue dominada pelas corporaçoes de mídia. Durante a fase mais intensa das manifestaçoes, iniciativas de estudantes, jornalistas e transeuntes permitiram acompanhar com detalhes o que acontecia nas ruas, suprindo as lacunas deixadas pela mídia tradicional, cujos representantes foram hostilizados por ativistas e agredidos pela polícia.
Mas nao se pode esperar que o jornalismo alternativo cubra com a mesma intensidade o jogo de sutilezas da política. Durante os protestos, as emissoras de televisao foram obrigadas a encher seus noticiários com imagens feitas de helicópteros ou do alto dos edifícios, mas ao mesmo tempo colocaram nas ruas repórteres munidos de smartphones e pequenas câmeras para registrar os acontecimentos.
Coletivos de repórteres, como o do grupo Mídia Ninja, se destacaram por divulgar diretamente imagens das ruas, sem filtros e sem ediçao, o que permitiu desmascarar manipulaçoes de algumas emissoras, como no caso da manifestaçao que ocorreu no domingo nas proximidades do estádio do Maracanã.
Embora, segundo a Folha de S Paulo, a mídia tradicional tenha produzido o maior número de compartilhamentos nas redes sociais durante o período mais intenso das manifestaçoes, é preciso registrar que uma proporçao relevante dessas trocas era acompanhada por depoimentos de testemunhas que contestavam a versao dos fatos apresentada pelos jornais e emissoras de televisao.
Assim, ainda que a audiência ainda seja massivamente dirigida ao mainstream da mídia tradicional, o fenômeno do jornalismo cooperativo ganha mais credibilidade, porque seus agentes atuam no meio da multidao, postando imediatamente as imagens e entrevistas, sem ediçao.
Essa “mídia sem filtro” tem como principal paradigma o movimento conhecido como Ninja – denominaçao para Narrativas Independentes, Jornalismo e Açao -, um coletivo de jornalistas, estudantes e outros profissionais que produzem documentários, reportagens e coberturas diretas de eventos que nao estao necessariamente na pauta da imprensa tradicional.
O movimento, ainda recente, tem chamado a atençao de pesquisadores e representa um fenômeno a ser observado no contexto de mudanças trazidas pelo desenvolvimento das tecnologias digitais.
Gustavo
Reportagens? Que reportagens eles produzem? Streaming agora é reportagem?
E ninguém aqui tá nem aí pros dados falsos divulgados, para as afirmações tendenciosas, não é? Apuração é reportagem. Já ativismo, por mais que seja válido, não é reportagem, muito menos algo “sem filtros”.
Blue Bus, mais um que só repete o release que pregou em todos os outros veículos e nem se ocupa de apurar do que está escrevendo.
Alice
Caro Gustavo, uma simples ida ao wikipedia te pouparia de ter falado besteira.
O conteúdo produzido pelo NINJA é, obviamente, reportagem, pois REPORTA ao cidadão um conteúdo jornalistico. E mais, de maneira muito mais imparcial que qualquer meio oficial de mídia. Provavelmente você não viu nenhuma reportagem do coletivo, não viu como os repórteres permaneceram nas linhas de confronto entre policiais e manifestantes, entrevistaram ambos os lados, participaram da coletiva de imprensa de diversas autoridades, com perguntas honestas, e souberam se calar quando o melhor que poderiam fazer seria dar voz ao povo.
Streaming obviamente é reportagem, ou o que você entende por streaming media?
No mais, a reflexão que o Bluebus assinala está absolutamente correta, e coerente com a análise das maiores autoridades no campo da cybercultura.
Novas formas de produção, colaborativas e regidas sobre uma lógica distinta dos modelos tradicionais estão surgindo, essa é mais uma delas, certamente empolgante porque desafia toda a lógica da indústria cultural (tal como prevista nas análises filosóficas da teoria crítica).
O fenômeno é recente, e se junta a novas formas de participação democrática, como a experiência da Islândia (http://tecnologia.terra.com.br/internet/constituicao-colaborativa-da-islandia-serve-de-exemplo-ao-brasil,f9f3a0b2993de310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html) Afirmar que entendemos o que isso significa seria presunção, mas afirmar que isso não significa nada, bem, isso sim é que é uma tolice.
Marcos Maciel
Fantástico! a grande mídia tendenciosa com certeza nunca vai atestar esse tipo de iniciativa. salve Adorno!