1 tipico dia de propaganda de margarina… e ele queria 1 depoimento sobre cotas

por Fernando Evangelista no boletim do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina

Quando o telefone tocou, às 9 horas da manha de sábado, eu estava deitado na rede da varanda, pensando na morte da bezerra, sem preocupaçoes presentes ou compromissos futuros. Sábado de sol, casa limpa e arrumada, grama cortada no jardim – um típico dia de propaganda de margarina. Pensei em nao atender, mas a curiosidade venceu a preguiça, infelizmente. Era um colega jornalista, velho conhecido, sujeito vaidoso e arrogante. Perto dele, Romário é a Madre Teresa de Calcutá.

– Querido, bom dia, tudo em paz? É o seguinte: tô fechando uma matéria sobre cotas e preciso de um negro pobre, bem pobre, que seja gay.
– Como?
– O ideal é que seja alguém contrário às cotas. Quero fechar com chave de ouro este texto.

Se tem uma coisa que me dói os ouvidos é a expressao “chave de ouro”.

– Alô? Tá me ouvindo?
– Estou – respondi. – Agora, neste momento, eu nao me lembro de ninguém assim, com esse, como dizer, com esse perfil.
– Te esforça um pouquinho, você conhece bastante gente da periferia – ele insistiu. – É matéria importante, encomendada diretamente pelo chefe dos chefes, pra ediçao de domingo. A gente quer mostrar que a política de cotas é equivocada e injusta.

– Calma aí. Você tá fazendo uma matéria para comprovar uma ideia do dono do jornal?

(…..) texto na integra aqui

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