25 de Abril em Portugal – que dia!

Dia da Revoluçao dos Cravos. Dia do país festejar os 49 anos da democracia. Dia dos portugueses descerem a pé a Avenida da Liberdade. Dia de comemoraçoes na Assembleia da República – o Parlamento Português. Dia que o Presidente do Brasil, Lula da Siva, aceitou o convite para estar presente numa sessao especial na Casa do Povo. Dia de todos. Dia da liberdade.

A personalidade que os brasileiros escolhem como presidente é sempre bem-vinda no Parlamento português“, abriu o discurso o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, na cerimônia de boas-vindas e na presença do chefe do Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro António Costa.

Navegando nas citaçoes, Santos Silva continuou com os elogios, agradecendo a presença do Presidente, aos brasileiros que aqui vivem e à cultura em geral. “Aos portugueses, o Brasil ensinou que a língua é coisa viva, as palavras se dizendo com vários acentos e sabores (…)“. Ao finalizar a sua intervençao, deixou mais uma frase, talvez mais um elogio, ao país do convidado -“Ora, a descoberta portuguesa do mundo começa no largo Atlântico que liga 3 continentes e em tempos atraiu uma ‘Jangada de Pedra’. Começa na outra margem do Atlântico. Começa no Brasil“, disse.

Por sua vez, Lula no seu discurso afirmou que o 25 de Abril permitiu que “Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro ao recuperar as liberdades civis, a participaçao positiva dos cidadaos, a democratizaçao política, os direitos trabalhistas e a livre organizaçao sindical, criando bases para o desenvolvimento econômico com justiça“. E disse mais ao defender a democracia, a importância do acordo entre a Uniao Europeia e o Mercosul e que condena a invasao russa na Ucrânia. Insistiu também que “É preciso falar de paz“, além de outros temas relevantes.

Mas nem tudo foram cravos… O partido de extrema-direita, Chega, interrompeu por diversas ocasioes o discurso do Presidente Lula. Todas as vezes que ele era aplaudido no plenário, deputados desse partido levantavam pequenos cartazes e batiam as maos com força na bancada fazendo muito barulho. Lá fora, nas ruas próximas ao Parlamento, manifestantes rivais com bandeiras dos partidos gritavam as suas palavras de ordem. O policiamento foi eficiente e nao houve nenhum confronto maior.

Outra bela homenagem a um brasileiro foi feita na véspera, dia 24, com a entrega do Prêmio Camoes ao grande artista e escritor, Chico Buarque de Holanda. No Palácio de Queluz, em Sintra, sala cheia, amigos, convidados e autoridades presentes para ouvir os discursos e as breves palavras de agradecimento do homenageado que brilhava com seu carisma e sua gravata nova, “comprada por minha mulher“, como ele mesmo falou em um momento de descontraçao. Discurso curto e emocionante. No final “um cheirinho de alecrim“, tocado magistralmente pelo pianista português Mário Laginha.

Mas por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço gosto em ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como o gajo que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim.

(Chico Buarque de Holanda – trecho do discurso no Prêmio Camões)

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