‘À Queima-Roupa’, 1 relato contundente sobre o assassinato de Sandra Gomide, leia trecho

O lançamento em julho deve coincidir com a provavel saida do assassino da cadeia, onde nao ficou mais que 1 total de 3 anos

“O livro é um thriller corporativo centrado em um caso amoroso com final trágico que desmonta o cenário de glamour construído em torno da imprensa brasileira e mostra como um diretor de redaçao se tornou um homem megalomaníaco e violento, sem jamais ter sido freado por seus superiores” – diz o release que antecipa a noticia do lançamento.

20 de agosto de 2000 marcou a história do jornalismo brasileiro. Foi o dia em que um dos jornalistas mais poderosos do país, Antônio Pimenta Neves, diretor de redaçao do Estado de Sao Paulo, matou sua namorada, a jornalista Sandra Gomide. A história é contada pelo jornalista Vicente Vilardaga, que trabalhou com os dois protagonistas na Gazeta Mercantil e acompanhou de perto os fatos. Vilardaga também entrevistou o assassino com exclusividade.

Trecho

– Posso te ajudar? – perguntou Cláudio Augusto, sabendo que o diretor de redaçao estava do outro lado da linha. Pimenta foi direto – Atirei na Sandra. – Nao brinca. O que aconteceu, Pimenta? O que aconteceu com a Sandra? – Nao sei, nao fiquei lá para ver. É o que quero saber.

Foi esse o primeiro telefonema que Pimenta Neves deu para o Estadao logo após disparar dois tiros contra Sandra, num haras no interior de Sao Paulo. Pimenta falava com calma. Era o jornalista pensando em como comunicar à redaçao uma pauta. O diretor era agora um assassino e, numa situaçao estapafúrdia, tentava deslocar uma equipe para cobrir o crime que ele mesmo cometera. Ligava para os jornais com os quais mantinha uma relaçao de confiança para dar a notícia também à concorrência.

“Pimenta era influente e opressor porque nunca lhe fora imposto qualquer limite” – diz o autor – “No fim de 1995, chegou à redaçao da Gazeta Mercantil e, em seguida, começou a namorar Sandra Gomide, uma repórter esforçada e discreta, 30 anos mais nova, a quem nao parou de dar promoçoes e aumentos salariais, até despedi-la da chefia da editoria de Economia do Estadao, jornal que passou a dirigir em outubro de 1997. Decidiu demiti-la por causa do fim do relacionamento, em junho de 2000, 50 dias antes de matá-la”.

O autor faz perguntas – “Como é possível que a trajetória homicida de Pimenta Neves nao tenha sido detectada e interrompida? Por que o pedido de demissao feito por ele no Estadao, quando dava sinais visíveis de perturbaçao mental, 22 dias antes de cometer o assassinato, nao foi aceito? Por que nao se combatia o nepotismo nas redaçoes? Que tipo de governança existe – se é que existe – dentro das tradicionais empresas brasileiras de mídia?”

E observa – “Em pleno século 21, quando a legítima defesa da honra deveria ser uma bobagem, graças a uma rede de proteçao institucional, foi o assassino passional que menos tempo ficou na cadeia entre os casos mais rumorosos do Brasil. Se sair da penitenciária de Tremembé entre junho e julho, como se prevê, terá ficado cerca de 3 anos preso. Doca Street, que matou a namorada Ângela Diniz, e Lindomar Castilho, assassino de Eliana de Grammont, por exemplo, passaram o dobro desse tempo atrás das grades”.

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