A revolta do senso comum – Luciano Martins Costa no Observatorio

Luciano Martins Costa procura explicar a revolta desta semana em nv artigo no Observatorio. Diz que “curiosamente, a melhor análise sobre o que se pode perceber do fenômeno (dos protestos) é feita por 2 repórteres do Estado de S Paulo, em 1 texto curto, despretensioso e sem os cacoetes dos teóricos das ciências humanas. Eles simplesmente entrevistaram os líderes do movimento, fizeram uma radiografia de suas principais leituras e desmontam com objetividade os mais exuberantes artigos e os mais peremptórios editoriais do próprio jornal onde trabalham”, leia Antiliberal e crítico do marxismo, MPL usa multidão como arma.

Comenta – “Trata-se de um fato raro na imprensa tradicional do Brasil, que se caracteriza pela homogeneidade conservadora e a submissao do corpo jornalístico ‘puro e duro’ ao núcleo de opiniao do jornal”.

Segue – Uma das conclusoes é que os jovens líderes das manifestaçoes têm uma visao de mundo à esquerda do espectro político, “entre os adversários do liberalismo econômico e os críticos do marxismo histórico”. Sao, no dizer dos 2 repórteres, fruto do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, que se realizou em 2005. Observa Luciano – “Nao custa lembrar que a imprensa sempre desprezou o Fórum, quando nao se dedicou a atacar suas propostas por meio de seus articulistas mais reacionários”.

Registra – Se há uma síntese para o complexo de influências que identifica o movimento, ela está presente na seguinte frase: “Eles pensam que um outro mundo é possível”.

Nota sobre o esforço dos reporteres do Estado – “Essa é a diferença básica, de que se fala eventualmente neste espaço, entre interpretar um acontecimento e compreendê-lo. A prática generalizada na imprensa tradicional é aplicar a qualquer fato as lentes conservadoras manipuladas na direçao de Redaçao e tentar, com essa interpretaçao viciada, influenciar a opiniao do público”.

Continua – “No caso, o esforço mais evidente dos jornais é jogar o ônus da crise no colo do governo federal e criar um estado de beligerância entre o partido no poder nacional e uma parcela dos manifestantes”.

Descreve – “A tática é simples, como sempre: desloca-se para o alto das páginas aquilo que representa o viés de interesse da mídia e elimina-se ou desloca-se para o rodapé e as notas curtas aquilo que nao pode deixar de ser noticiado, mas nao interessa à orientaçao editorial” – “Essa característica do noticiário e do opiniário é que dá mais relevância ao texto curto dos 2 repórteres do Estado: em poucas palavras, por exemplo, fica-se sabendo que a violência usada por alguns grupos de manifestantes nao é simplesmente açao de vândalos desarticulados, delinquentes oportunistas ou drogados – é parte da estratégia de uma facçao que faz parte do movimento, e que se informa em teóricos de um anarquismo que se desenvolve nos escombros da sociedade liberal”.

“Há bandidos em meio às multidoes, e seu número varia de cidade para cidade, mas pelo menos em Sao Paulo, até o vandalismo é politizado, fundamentado em leitura consistente e, segundo a conclusao do artigo (do Estado) “expôs o despreparo da PM e dos governantes e acabou sendo decisivo na vitória das manifestaçoes”.

Resta saber a quem vai servir, afinal, essa violência – “Algumas expressoes compoem 1 interessante mosaico de ideias que permitem um exercício de compreensao do movimento. Por exemplo, a ideia de que tudo é movido por uma utopia – o desejo de uma sociedade melhor – que tenta se realizar por meio da desobediência civil a instituiçoes que já nao representam os interesses da maioria” – “Os manifestantes nao se opoem a 1 governo específico, a 1 partido ou a uma política econômica: eles propoem um retorno aos fundamentos da democracia”.

“Enquanto a imprensa, massivamente, tenta demonizar tudo que parece ameaçador ao status quo, a curta e interessante análise dos 2 repórteres indica que o que estamos testemunhando é a revolta do senso comum”.

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