As eleiçoes, as redes sociais e as marcas | texto do Marcelo Coutinho

Independente do resultado de hoje nas urnas, a eleiçao americana é mais um evento que indica a crescente importância da digitalizaçao das redes sociais e sua transformaçao em fonte de informaçao que concorre tanto com a mídia “clássica” quanto com a publicidade tradicional.

Nos últimos anos, diversas transformaçoes nas escolhas eleitorais surpreenderam os analistas, como a virada de Binyamin Netanyahu nas eleiçoes israelenses em 2015, o Brexit e a popularidade de Bernie Sanders nas primárias. Estudos preliminares indicam que o Facebook e o Twitter foram os veículos preferidos para a expressao de visoes radicais, inclusive através de bots, e que o “efeito bolha” (quando lemos e ouvimos somente informaçao com a qual temos predisposiçao para concordar) pode trazer para a discussao pessoas que de outra forma nao teriam motivaçao suficiente para se manifestar.

Anthony Downs em “An Economic Theory of Democracy” apontava, já nos anos 50, a importância da economia da informaçao para a decisao do eleitor (custos para se informar, o retorno decrescente deste esforço à medida que mais informaçao se torna disponível, etc). Obviamente que ele nao previa a Internet (e muito menos o Facebook), mas destacava que quanto mais informaçao disponível, maior a possibilidade de uma pessoa mudar suas preferências políticas.

Talvez a mesma coisa aconteça com as marcas. Cada vez mais elas precisarao se posicionar em relaçao a temas polêmicos para ter visibilidade na mídia social. Isso vai render espaço na mídia tradicional e consequentemente uma “amplificaçao” ainda maior nas redes. Pode ser bom para seus KPIs de campanha e (talvez) saudável para as vendas, mas vai exigir muito trabalho dos mecanismos de regulamentaçao e das assessorias de imprensa.

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