As Veias Abertas da América Latina perderam o seu escritor – morreu Eduardo Galeano

A América Latina – e o mundo – perderam hoje um dos homens que mais souberam interpretar nossas idiossincrasias e realidades sociais. Morreu hoje aos 74 anos o escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor, entre outras obras, do clássico ‘Las Venas Abiertas de América Latina’, que além de vender milhares de cópias em todo o mundo, serviu também como um presente, dado por Hugo Chavez a Barack Obama, durante um encontro em 2009.

Nascido em uma família uruguaia de classe alta e católica, de ascendência italiana, espanhola, galesa e alemã, Galeano sempre foi um militante de esquerda independente. Esteve junto aos “indignados” espanhóis durante os protestos em Madri, no auge da crise espanhola, em 2011. De lá, numa entrevista improvisada no meio da rua, no caos de uma Espanha arrasada economicamente, Galeano deixou uma mensagem que sintetizava seu espírito crítico, mas ao mesmo tempo profundamente otimista sobre o futuro do mundo:

Estou aqui testemunhando que viver vale a pena. Viver vai muito mais além das pequenezas das realidades políticas e pessoais. Isto importa pouco em relaçao a este outro mundo que espera, este outro mundo possível que está na barriga deste. Este é um mundo infame. Nao é muito alentador este mundo onde nascemos, mas existe outro mundo na barriga deste mundo, que é diferente e difícil de parir, mas que certamente está pulsando. Existe outro mundo que ‘pode ser’ pulsando neste mundo que ‘é’.

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