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Brasileiros em Portugal – de imigrantes a investidores estrangeiros
A procura de casas para morar por brasileiros em Cascais e Oeiras – concelhos com vida própria e próximos à Lisboa – é tema de 1ª página no DN de hoje. Logo de cara, a foto e o título que pode impressionar – “Cascais. Brasileiros compram casas e fazem disparar os preços”, informam. É a nova leva de ‘imigrantes’ que, ao que tudo indica, está sendo muito bem vista por aqui. E até mesmo já ganharam uma nova denominaçao – a de ‘investidores estrangeiros’. Tudo porque, de acordo com a reportagem estilo matéria paga, “o valor médio por transaçao é de 1,3 milhao de euros, bem acima dos 460 mil euros que os portugueses pagam nesta zona”, explicam. Sao famílias “da classe média alta ou alta”, muitos com passaporte europeu – alguns com antepassados portugueses -, que querem deixar o Brasil. Trazem na mudança um detalhe que abre todas as portas – muitos pagam os imóveis à vista (!), sem recurso aos bancos. Estao em busca da sensaçao de segurança e estabilidade, que contrasta com o clima brasileiro e “o fato de Portugal ser o 3º país mais seguro do mundo é algo muito importante”, informa a matéria.
Mudando um pouco o tom desses ricos atributos de venda e caindo na real ou no real da grande maioria que escolhe Portugal para estudar, viver e trabalhar, a vida nao é bem assim e os chamados ‘vistos gold’ nao sao para todos. Ontem mesmo respondi a um email, dos muitos que tenho recebido de amigos e conhecidos, sobre como fazer para vir morar em Lisboa e arredores. A resposta, sem querer ser desmancha prazeres ou sonhos de alguns, foi dizer para nao acreditar em tudo o que dizem. O preconceito, a xenofobia e o assédio moral também existem, só que com sotaque. Emprego? Está difícil também. Mas nao dá para desanimar… Os portugueses no geral gostam das nossas novelas (alguns até confundem a ficçao com realidade), das músicas brasileiras, do açaí, da tapioca e no verao bebem caipirinha e andam de Havaianas pelas calçadas de pedras desse solo pátrio. Ter empregada todos os dias sai caro e as panelas aqui servem mesmo é para fazer comida.
Mesmo com dupla cidadania, como é o meu caso, somos e seremos sempre estrangeiros numa terra que fala ‘quase’ a mesma língua, apesar daquela velha conversa de países irmaos. Irmaos nao discriminam, aceitam com cordialidade e respeito quem chega e, principalmente, facilitam o quanto podem a vida de quem veio para ficar sem dizer quando vai embora. Falar a verdade (a minha, pelo menos), às vezes dá trabalho, e, pelo visto, até agora o email que enviei de volta nao mereceu resposta. Palavras que o online levou…
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