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Cacimba de Mágoa – a música do Falamansa e Gabriel O Pensador sobre o Rio Doce
Bela iniciativa do Falamansa e de Gabriel O Pensador em parceria com o Instituto Últimos Refúgios e o Instituto O Canal – um clipe musical que lamenta a tragédia ocorrida no Rio Doce e o completo descaso com a natureza e com as famílias afetadas. No YouTube, a banda Falamansa explica que “cada visualizaçao do clipe se transforma em uma doaçao para um fundo de assistência às famílias ribeirinhas com a finalidade de promover obras sociais comunitárias”. A direçao do clipe é da alemã Ilka Westermeyer. Confira abaixo a letra da música na íntegra.
O sertao vai virar mar
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaMariana, Marina, Maria, Márcia, Mercedes, Marília
Quantas famílias com sede, quantas panelas vazias?
Quantos pescadores sem redes e sem canoas?
Quantas pessoas sofrendo, quantas pessoas?Quantas pessoas sem rumo, como canoas sem remos
Como pescadores sem linha e sem anzóis?
Quantas pessoas sem sorte, quantas pessoas com fome?
Quantas pessoas sem nome, quantas pessoas sem voz?Adriano, Diego, Pedro, Marcelo, José
Aquele corpo é de quem, aquele corpo quem é?
É do Tiao, é do Léo, é do Joao, é de quem?
É mais um joao-ninguém, é mais um morto qualquerMorreu debaixo da lama, morreu debaixo do trem?
Ele era filho de alguém e tinha filho e mulher?
Isso ninguém quer saber, com isso ninguém se importa
Parece que essas pessoas já nascem mortasE pra quem olha de longe, passando sempre por cima
Parece que essas pessoas nao têm valor
Sao tao pequenas e fracas, deitando em camas e macas
Sobrevivendo, sentindo tristeza e dorQuem nunca viu a sorte pensa que ela nao vem
E enche a cacimba de mágoa
Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem
Transforma lágrima em águaO sertao vai virar mar
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaO sertao vai virar mar
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaQuem olha acima, do alto, ou na TV em segundos
Às vezes vê todo mundo mas nao enxerga ninguém
E nao enxerga a nobreza de quem tem pouco mas ama
De quem defende o que ama e valoriza o que temAntônio, Kátia, Rodrigo, Maurício, Flávia e Taís
Trabalham feito formigas, têm uma vida feliz
Sabem o valor da amizade e da pureza
Da natureza e da água, fonte da vidaConhecem os bichos e plantas e, como o galo que canta
Levantam todos os dias com energia e com a cabeça erguida
Mas vêm a lama e o descaso, sem cerimônia
Envenenando o futuro e o presenteComo se faz desde sempre na Amazônia
Nas nossas praias e rios impunementeMas o veneno e o atraso, disfarçado de “progresso”
Que apodrece a nossa fonte e a nossa foz
Nao nos faz tirar os olhos do horizonte
Nem polui a esperança que nasce dentro de nósÉ quando a lágrima no rosto a gente enxuga e segue em frente
Persistente como as tartarugas e as baleias
E nessa lama nasce a flor que a gente rega
Com o amor que corre dentro do sangue, nas nossas veiasQuem nunca viu a sorte pensa que ela nao vem
E enche a cacimba de mágoa
Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem
Transforma lágrima em águaO sertao vai virar mar
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaO sertao vai virar mar
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaO sertao vai virar mar (o sertao virando mar)
É o mar virando lama (o mar virando lama)
Gosto amargo do rio Doce (da lama nasce a flor)
De Regência a Mariana (muita força, muita sorte)O sertao vai virar mar (mais justiça, mais amor)
É o mar virando lama
Gosto amargo do rio Doce
De Regência a MarianaO sertao vai virar mar
É o mar virando lama”
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