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Daniel Oiticica | A guerra da TV pública vs grande mídia, uma discussao pertinente
Deu hoje no Argentinaetc
Há quem defenda a imparcialidade dos canais públicos de televisao. Mas aqui na Argentina, a TV pública – que, diga-se de passagem, é um dos poucos canais que nao tem perdido audiência para a internet – tem servido para equilibrar a balança de um mercado de comunicaçao monopolizado há décadas por poucos grupos hegemônicos.
O programa jornalístico 678, rotulado por alguns como aparelho da propaganda governista, vem apresentando interessantes discussoes sobre manipulaçao. Em um revelador registro jornalístico, o programa exibiu ontem uma reportagem que nao deixa margem a interpretaçoes sobre o papel que alguns grupos de mídia, como o Clarín, tem desempenhado para manipular a opiniao pública – veja no vídeo acima.
Neste momento de fragilidade institucional, com a internaçao da presidenta Cristina Kirchner, a estratégia ficou bem clara.
A reportagem começa mostrando o principal noticiário de TV do Clarín – também o de maior audiência – omitindo com descarada intençao, as variadas mensagens de apoio enviadas por artistas famosos a Cristina, durante a entrega dos Prêmios Condor de Cinema. Depois, mostra um importante formador de opiniao, o jornalista estrela do grupo, Jorge Lanata, duvidando da veracidade do problema de saúde da presidenta. E o que é pior: legitima na boca de terceiros o questionamento, que ele mesmo nao tem coragem de assumir como próprio.
Finalmente, o programa exibe descrédito e desconfiança dos jornalistas do Clarín sobre a figura do vice-presidente, Amado Boudou, quem constitucionalmente deve assumir o comando do país. Em uma entrevista, o analista político Jorge Giacobbe chega a sugerir que a populaçao proteste nas ruas contra Boudou.
Trata-se do grupo Clarín, um gigante da mídia argentina, o único grupo de comunicaçao que nao cumpre a Lei de Serviços Audiovisuais, aprovada há quase 4 anos pelo Congresso Nacional, graças a manobras jurídicas que bloqueiam sua aplicaçao integral.
O caso argentino prova que é hora de começar a discutir o real papel de um canal de TV pública nestas democracias fragilizadas pelo domínio monopólico dos grupos de mídia. Para pensar: o que aconteceria no Brasil se a EBC, por exemplo, resolvesse criar programas como o 678, dedicados a desmascarar o jornalismo autoproclamado independente de certos grupos de comunicaçao? Bem vindo ao debate.
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