E a chamada guerra Kirchner-Clarín chegou ao fim – chegou mesmo?

Deu no Argentinaetc

Pelo menos no papel, Hernestina Herrera de Noble y Hector Magnetto deixarao de controlar o maior grupo de comunicaçao da Argentina. Nesta 6a feira, o poderoso Grupo Clarín finalmente apresentou seu plano de adequaçao à nova Lei de Serviços Audiovisuais. Tudo parece que ficará como sempre foi, mas no papel os dois influentes empresários entregam o controle acionário das principais empresas informativas do grupo a outros empresários. Os principais beneficiários sao amigos dos donos da informaçao local. Lucio Pagliaro e José Aranda, empresários e atuais diretores do grupo, assumirao o controle dos meios audiovisuais e o jornal Clarín, enquanto que Herrera de Noble e Magnetto passam a controlar as empresas que prestam os serviços de televisao por assinatura do grupo – Cablevision (programadora) e Fibertel (provedora).

Ninguém esperava algo diferente desta bandeira branca pra inglês ver. Se durante décadas este grupo foi o dono da informaçao jornalística que circula no país, via TV e banca de jornais, nada mais justo que os amigos de poder herdem suas licenças audiovisuais. A proposta ainda necessita da aprovaçao do órgao fiscalizador, a Autoridade Federal de Serviços de Comunicaçao Argentina, mas, pelo que tudo indica, a papelada está nos conformes e nao restará outra alternativa que aprovar o pedido, apesar das declaraçoes públicas do presidente do órgao, Martin Sabatella, de que “tudo será controlado para que nao haja tramóia.”

É um pagar para ver para aqueles que há décadas sonham com um sistema audiovisual mais democrático como herança para as geraçoes que virao, isso se o novo governo que assumirá o poder em 2015 – e que nao pode ser Cristina Kirchner – nao vire a mesa e volte atrás neste saudável processo de democratizaçao das comunicaçoes, aprovado por uma maioria democrática e constitucional, mas odiado pela oposiçao política e pelas poderosas corporaçoes midiáticas locais e internacionais.

Mais uma vez será a frágil democracia latino-americana brigando contra os gigantes do establishment corporativo internacional. Delicada batalha para acompanhar, derrota certa do lado mais fraco? – será a verdadeira defesa pela liberdade de imprensa – ou o capital financeiro internacional. As cartas – e as apostas – estao sobre a mesa.

publicidade

publicidade