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E se vivêssemos todos juntos? – Depois de uma reuniao que nao levou a negocio algum
A reuniao acontecia por recomendaçao de uma assistente, que conhecia a pessoa que julgava certa para nossos negócios naquele momento. O assunto era uma possível consultoria sobre leis de incentivo. Pude notar que o grupo todo tinha mais ou menos a mesma idade, todos um pouco mais velhos do que eu. Logo, um deles assumiu o papel do líder. Tomou a palavra e nao a largou mais até o momento em que considerou que eu estivesse completamente convencido.
Depois de dois segundos de um difuso mal-estar, perguntei qual era o histórico do grupo. Havia um administrador de empresas, e os outros (eram quatro) vinham de diferentes funçoes em agências de publicidade. Todos haviam decidido que nao dariam mais sua força de trabalho para os baroes e as multinacionais. Todos haviam decidido que iriam fazer um trabalho mais nobre. Todos estavam aliviados pelas gravatas desatadas que repousavam há meses ou anos nos armários. E todos tinham alguma observaçao a fazer sobre algo que, para eles, já nao existia mais, e que tinha sido muito bom.
Nao fechamos negócio algum, o que eu precisava nao era bem o que o grupo oferecia, era bem mais modesto e simples. Mais um pouco de conversa, 2 ou 3 nomes de amigos comuns apareceram, um nao-obrigado para os cafés a mais que ofereci. Despediram-se. Nunca mais os vi. Avisei minha assistente que tinha ido tudo bem, mas que nao faríamos negócio, o pessoal que ela havia recomendado era “over-qualified”, eu os indicaria a outras pessoas.
Eu tinha assistido dois dias antes ao recém-lançado “E se vivêssemos todos juntos?”. Nele, os personagens decidem ir morar em uma mesma casa, para envelhecer juntos, e dignamente. Juntos e dignamente. Era assim que aqueles homens haviam tentado me vender algo que ainda nao sabiam bem o que era. Juntos e dignamente. Fui para casa atrás de um uísque, que acabei nao tomando.
Mônica
Achei perfeita a associação, e devo dizer que visualizei o grupo. Nem acho que eles não queiram emprestar sua força de trabalho às multinacionais, isso é uma explicação digna para a situação. A verdade é que o mercado não tem lugar para esses profissionais. Depois de 20,30 anos de carreira em posições de comando e investindo em capacitação, essa turma bate os 50 anos ainda cheia de gás e…overqualified.
Jayme
Só é preocupante ver que não há lugar para todo esse gás. Bj
Mônica
Pois é… Ao mesmo tempo os jornais noticiam que o crescimento do Pais só vai poder ter continuidade se tivermos mão de obra qualificada para tocar as novas empreitadas. Será que rola um preconceito?
Jayme
Acho que sim. Mas existe também uma falta de compreensão dos “overqualified” sobre as mudanças do mundo. Uma “nostalgia” improdutiva.
Mônica
Verdade. Nunca nada é tão bom como aquele tempo que passou…tenho uma amiga que diz: “não querido, você não gostava tanto assim daquele emprego, você gostava é de ter 20 anos”. Complicado. Viver por mais tempo traz esses desafios diferentes, inéditos mesmo.
Jayme
É, sua amiga foi direto ao ponto :)