E se vivêssemos todos juntos? – Depois de uma reuniao que nao levou a negocio algum

A reuniao acontecia por recomendaçao de uma assistente, que conhecia a pessoa que julgava certa para nossos negócios naquele momento. O assunto era uma possível consultoria sobre leis de incentivo. Pude notar que o grupo todo tinha mais ou menos a mesma idade, todos um pouco mais velhos do que eu. Logo, um deles assumiu o papel do líder. Tomou a palavra e nao a largou mais até o momento em que considerou que eu estivesse completamente convencido.

Depois de dois segundos de um difuso mal-estar, perguntei qual era o histórico do grupo. Havia um administrador de empresas, e os outros (eram quatro) vinham de diferentes funçoes em agências de publicidade. Todos haviam decidido que nao dariam mais sua força de trabalho para os baroes e as multinacionais. Todos haviam decidido que iriam fazer um trabalho mais nobre. Todos estavam aliviados pelas gravatas desatadas que repousavam há meses ou anos nos armários. E todos tinham alguma observaçao a fazer sobre algo que, para eles, já nao existia mais, e que tinha sido muito bom.

Nao fechamos negócio algum, o que eu precisava nao era bem o que o grupo oferecia, era bem mais modesto e simples. Mais um pouco de conversa, 2 ou 3 nomes de amigos comuns apareceram, um nao-obrigado para os cafés a mais que ofereci. Despediram-se. Nunca mais os vi. Avisei minha assistente que tinha ido tudo bem, mas que nao faríamos negócio, o pessoal que ela havia recomendado era “over-qualified”, eu os indicaria a outras pessoas.

Eu tinha assistido dois dias antes ao recém-lançado “E se vivêssemos todos juntos?”. Nele, os personagens decidem ir morar em uma mesma casa, para envelhecer juntos, e dignamente. Juntos e dignamente. Era assim que aqueles homens haviam tentado me vender algo que ainda nao sabiam bem o que era. Juntos e dignamente. Fui para casa atrás de um uísque, que acabei nao tomando.

publicidade

publicidade