Enganado pela Abril | texto do Jayme Serva

É terrível ver a decadência de algo que foi marcante na vida da gente. Ontem fui enganado pela Editora Abril. Estava saindo do supermercado e vi, exposta junto ao caixa, uma revista Placar com Tite na capa e a chamada “Entrevista: Tite e a estratégia para ganhar a Copa”. Comprei: 15 reais, mais barato que Veja. A matéria de capa era um longo catado, bem editado, de uma entrevista com o técnico da Seleçao. Mas era de 2017. Bom, imaginei entao que a tal ediçao especial incluía matérias antigas. Mas nada na introduçao do editor sinalizava para isso. Segui lendo. Duas matérias eram dignas dos velhos tempos de Placar: um perfil do Craque Neto e um texto lindo assinado por Paulo Roberto Falcao falando de seus tempos na Roma. Continuando a leitura, bato com uma matéria cujo título era “Imagina na Copa (da Rússia)”. Percebi, pasmo, que a revista que comprei na boca do caixa do supermercado ontem era de julho de 2017. Essa informaçao estava na lombada da revista apenas, já que o código de barras na capa, que traz a data da publicaçao, estava coberto por um adesivo — um outro código estava colocado sobre o plástico que a embalava. Em suma: comprei encalhe embalado como revista nova. Como acreditar numa empresa que faz isso? Ok, é desespero. Mas eu, pobre consumidor, bem mais frágil economicamente do que a Abril, poderia ter destinos mais qualificados para os meus ricos 15 reais. Nao, desespero aí nao é atenuante. Ao contrário, é agravante. É muito triste ver a herança de Victor Civita, um homem que transformou o mercado editorial, a mídia e até a educaçao no Brasil, ser esculhambada dessa maneira por seus sucessores. A Abril já faliu. Só esqueceu de quebrar.

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