Esse mundo de planejadores vorazes e acumuladores de informaçao | Tania Savaget

Mesmo antes da internet, da informaçao facilmente encontrada em sites oficiais e nao oficiais, dos fóruns de discussao e dos blogs de tudo, sempre convivi com muitas pessoas que gostavam de tomar decisoes de compra depois de acumular inúmeros dados sobre o assunto, confrontar opinioes e conversar bastante. Algumas delas, acredito, sempre se divertiram bem mais ao longo do processo de escolha do que no desfrutar da escolha em si :)

Tenho uma amiga que planeja suas viagens meticulosamente, dos feriados às férias prolongadas e até as curtíssimas viagens de trabalho que permitem mínimos espaços para conhecer os lugares. Ela pesquisa a culinária local, os restaurantes “de verdade, que nao sao pra turista”, as lojas mais interessantes, os lugares que fogem dos circuitos padrao. Viajamos juntas uma única vez e, confesso, nao foi a melhor experiência do mundo. Um pouco de liberdade para sair andando à deriva, me faz muito bem.

Este tipo comportamento estimulado pela quantidade de dados disponíveis na rede vem crescendo entre pessoas de todas as idades e se ampliado para além do mercado de viagens. Como investidores, que acompanham padroes e acumulam dados na hora de comprar e vender açoes, estamos vendo pessoas mergulhadas em informaçoes e angustiadas na hora de tomar decisoes.

Alguns exemplos chegam a assustar. Pais grávidos que lêem todos os livros sobre maternidade e começam a planejar a conservaçao do cordao umbilical, a escolha da escola, a seleçao de pediatras, as dezenas de tipos de mamadeira e chupeta. Adolescentes em plena época de festas de 15 anos que estudam todos os tipos de maquiagem que combinam com todos os estilos de roupa e que participam de chats com todas as amigas e “inimigas” para garantir que estarao vestidas adequadamente e, mais ainda, serao a “top” da festa.

Acho que, em muitos casos, pesquisar é mais do que necessário. A diferença de preços de alguns produtos e serviços pela simples mudança de bairro ou pela opçao entre loja física ou virtual é imensa. Para quem nao tem tanta disponibilidade de viajar. descobrir, na volta, que esteve muito perto de museus, restaurantes e programas incríveis é, no mínimo, frustrante, claro. Mas, de verdade, tudo tem limite, né?

Ficar reféns do excesso de informaçoes ou se encontrar aprisionado entre escolhas e mais escolhas é muito ruim. Nem todo processo de compra, consumo e escolha precisa de tanto planejamento assim. Nada melhor do que se lançar numa cidade desconhecida, entre uma reuniao de trabalho e o jantar oficial do evento, e se surpreender com um circuito qualquer, sem compromisso. Bom também é se apaixonar por um livro, uma lojinha desconhecida e uma padaria nova e pegar um sol, na praia ou no parque, com um pao de queijo quentinho e um novo autor a ser descoberto :) Eu adoro e recomendo.

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