Estudo da Unicamp mostra que brs estao cada vez mais atrelados ao trabalho

A dissertaçao de mestrado do economista Eduardo Martins Ráo, apresentada ao Instituto de Economia da Unicamp, revela que, apesar da jornada de trabalho ter sofrido uma significativa reduçao no Brasil a partir de 2004, nunca se trabalhou tanto no país. Isso porque, segundo o autor, há uma tendência em curso no Brasil, fomentada pela classe empresarial, de criar mecanismos para transformar tudo em hora de trabalho, até mesmo os momentos em que o trabalhador está em casa. “Para alguns setores isso seria mais difícil de acontecer, dadas suas especificidades. Mas é o que o capital, no geral, quer. Isso está colocado de maneira velada para a sociedade, mas aparece claramente nas relaçoes entre empresas e sindicatos”, afirma Eduardo, que foi orientado pelo professor José Dari Krein.

O estudo abrange o período entre 1992 e 2009, período esse no qual o economista observou a ocorrência de três padroes relacionados à dinâmica da economia e do mercado de trabalho. No 1º, de 1992 a 1998, a jornada de trabalho – que já era longa – foi ampliada em todos os setores. No 2º, abrangendo os anos de 1999 a 2003, a jornada se manteve estagnada, mas num patamar elevado – na época, 39,6% da populaçao declarava cumprir horas extras. No 3º e último, registrado de 2004 a 2009, a jornada de trabalho é reduzida de forma generalizada.

Atentas a esse novo padrao, as empresas ampliaram os mecanismos de flexibilizaçao para manter seus funcionários cada vez mais conectados ao trabalho, ainda que a jornada tenha sido reduzida em relaçao ao início dos anos 90. “Esses mecanismos aparecem na forma de metas a serem cumpridas ou de tarefas que sao levadas para casa. Ainda insatisfeitos, os empresários trabalham agora para que essas medidas sejam legalmente efetivadas, envolvendo as novas formas de controlar o tempo do trabalhador. Para os empregadores, a ideia é transformar tudo em tempo de trabalho, mesmo os instantes em que o empregado está em casa, com a família”, adverte o economista. Leia mais sobre o estudo no site da Unicamp.

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