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Folha reverberou o horror do Maranhao para vender jornal, alguma dúvida?
As imagens dos presos decapitados no Maranhao, horror que nem o Noticias Populares (SP) ou a Luta Democratica carioca teriam concordado em exibir no seu tempo de bancas, foram mostradas com ~orgulho~ pela Folha principalmente na web br, em video, na 3a – e daí seguiram para o mundo doente dos leitores vampiros, comunidade que se esgarça pelo planeta, sem compaixao, alimentada com sangue pela midia de tabloide hoje permitida ate mesmo em jornais dados supostamente como acima do mero interesse em vender exemplares a qq custo para salvar-se da progressiva e inevitavel derrocada – existe essa possibilidade para os pobres impressos de hoje – sem uma radical faxina nas suas propostas, na percepçao do real, no modelo de negocio, etc, etc? :*(
Bebendo o sangue na Folha, que em alguns raros momentos é admitido como 1 jornal sério, aderiram o WSJ, dos Murdoch, o extremista enrustido El Pais, o Liberation e, naturalmente, britânicos como o Daily Mail, que nao iriam perder essa oportunidade de mostrar o show de mundo cao liberado pelo diario br.
Sem palavras mais, a nao ser as do Luciano Martins Costa no Observatorio na ediçao desta 4a sobre a Folha espetaculosa, ver abaixo.
“A Folha de S. Paulo se destaca na imprensa brasileira pela preferência por expressoes fortes, como recurso para chamar a atençao dos leitores ou para reforçar certo sentido que se quer dar à informaçao. Foi com esse olhar espetaculoso sobre a notícia que o jornal paulista buscou se apresentar, nas duas últimas décadas, como uma marca de vanguarda. “Hiperinflaçao”, “megaempresário”, “super-salários”, sao alguns exemplos desse estilo, que acabou contaminando os outros jornais, contribuindo para uma mudança na linguagem jornalística cujas consequências ainda estao a merecer estudos de pesquisadores em comunicaçao”.
“Outra tática utilizada pela Folha para se destacar da concorrência, em especial de seu principal rival na imprensa paulista, o Estado de S. Paulo, é uma postura mais liberal em assuntos comportamentais. O jornal se apresentou como uma espécie de porta-voz do movimento pela aceitaçao pública do homossexualismo, expandiu os limites para a exibiçao de cenas de nudismo na imprensa e consolidou o hedonismo como traço marcante de sua conexao com o público. No entanto, em muitos aspectos segue sendo um veículo conservador, preso a uma visao de mundo refratária a novos sentidos da vida social”.
“Seus editores certamente consideram que estao produzindo um jornal “pós-moderno”. Portanto, faz todo sentido, de vez em quando, “épater la bourgeoisie”, como dizia o poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) – ou “chocar a burguesia”, como diria em outras épocas o ex-revolucionário e ex-libertário Fernando Gabeira”.
“Ao mesmo tempo, eventualmente as escolhas do jornal escorregam para o grotesco, a imagem meramente escandalosa e o jornalismo “marrom” que marcou o extinto diário Notícias Populares – que pertencia ao mesmo Grupo Folha”.
“Nesta semana, a ousadia da Folha de S. Paulo provoca os limites do gosto duvidoso, ao reproduzir imagens feitas em um presídio do Maranhao, nas quais aparecem os corpos de 3 sentenciados que foram decapitados durante a rebeliao ocorrida no dia 17 de dezembro. Além de fotografias, o jornal deu curso à divulgaçao, pela internet, de vídeo no qual os assassinos se divertem exibindo as cabeças cortadas e os corpos vilipendiados”.
“Na ediçao desta 4a feira, 8, o jornal faz a repercussao de sua própria lambança, como a criança que brinca com as próprias fezes”.
“Um editorial e mais de um terço da principal coluna de política, além de uma reportagem de página inteira, tratam da questao dos presídios do Maranhao, defendendo uma intervençao federal no Estado e expondo gastos da governadora Roseana Sarney com lagostas e outros petiscos para abastecimento da sua cozinha ao longo do ano. Soa como se a Folha estivesse justificando a exibiçao das imagens macabras”.
“Os desmandos da família Sarney em seu longo reinado no Maranhao sao bastante conhecidos, e os indicadores que mostram aquele estado na rabeira do desenvolvimento econômico e social do Brasil nao deixam dúvida quanto aos resultados da política coronelista em todos os aspectos da vida maranhense”.
“A situaçao de descalabro que se revela com a eclosao de conflitos violentos nos presídios e nas ruas exige atençao das autoridades federais e da imprensa de todo o país, conforme já se destacou aqui. Cabe até mesmo, como faz a Folha na 4a feira, levantar um debate sobre eventual intervençao federal, medida pouco usual na história política do Brasil”.
“Conveniências de alianças partidárias nao deveriam cegar os olhos do Planalto para o que se passa naquela regiao. Esse isolamento já começa a ser quebrado pela imprensa – também o Globo e o Estado de S. Paulo enviaram repórteres para observar diretamente o que acontece no Maranhao, onde a situaçao social é de calamidade: por exemplo, o número de homicídios cresceu 460% na capital, Sao Luís, nos últimos 13 anos”.
“Do trabalho desses enviados especiais deve brotar um retrato daquilo que transformou aquela regiao em um ponto fora da curva no processo de reduçao da pobreza que beneficiou todo o resto do país. Em quase meio século no poder local, a família Sarney conseguiu a proeza de manter o estado preso ao passado”.
“No entanto, nada justifica a escolha dos editores da Folha, de dar publicidade às grotescas imagens da selvageria produzida no interior do presídio. A nao ser, claro, o desejo de escandalizar para ganhar audiência”.
Bruno
Quanta bobagem!
mario chimanovitch
Concordo com o Bruno: quanta bobagem nesse pseudo-editorial do Blue Bus. Quem tem medo da da verdade ? Criei e dirigi uma revista policial na década de 80, a AGORA, e não hesitávamos em publicar fotos de atrocidades cometidas por bandidos, policiais, etc. É claro que os fariseus de plantão nos criticavam acirradamente acusando-nos de fazer jornalismo de lixo. Parabéns portanto à FOLHA pela coragem de mostrar ao Brasil os horrores vigentes na Capitania dos Sarney, esse pobre Maranhão. Reitero: não vejo nenhuma tentativa de sensacionalismo por parta da FOLHA para vender jornal, o que vejo, sim, é um tremendo bias desse Blue Bus contra o jornal.
César Santos
Convenhamos: o BlueBus não gosta da Folha e ponto. Quando a Folha mostra, o problema é que mostrou. Quando não mostra, lá vem a “grande mídia” que oculta, abafa, faz vista grossa e bla bla bla.
Quando se trata de imprensa e política, vcs são muito advogados do diabo.
Sinceramente, prefiro as matérias sobre design, publicidade e novas tendências de consumo.
Amanda
Eu moro no Maranhão ha alguns anos e por isso tenho que dizer que discordo totalmente desse artigo, sensacionalismo não é divulgar fatos, por mais atrozes que sejam, sensacionalismo é distorcer a realidade para buscar mais audiência. Os assassinatos ocorreram, a rebelião ocorreu, Roseana Sarney está comendo lagostas e fazendo vídeos sobre como o governo está se reunindo para traçar estratégias contra o crime, e entretanto essas estratégias estão sendo discutidas ha anos e nunca foram postas em prática. É claro que é brutal mostrar decapitações como manchete de jornal, se bem que não ficou claro se a notícia no Folha estava na manchete ou não, mas ainda assim é a realidade. Em cinco anos que moro em São Luís já perdi as contas de quantas vezes esses presidiários se rebelaram, de quantas vezes eles mandaram incendiar ônibus, matar pessoas, estuprar, torturar, perdi a conta de quantas vezes deixei de sair de casa, ir pra universidade, comprar remédio na farmácia por que o ‘Bonde dos 40’ estava atacando. Desta vez 3 civis morreram, inclusive uma criança, e um PM, isso FORA dos presídios, eu não consigo nem imaginar o inferno que deve estar lá dentro, e eu digo ‘desta vez’ porque ‘desta vez’ foi relativamente FRACO, não houve arrastões em shoppings, não houve assaltos em massa e foram ‘apenas’ 4 ônibus incendiados. A verdade tem que ser dita, independente das consequências.
Julio Hungria
Oi, Amanda, a Folha podia ter feito todo o seu jornalismo e toda sua denuncia com a mesma eficiência sem exibir as imagens extremas e grotescas que mostrou. Essa é a minha opiniao. Obrigado por discordar.
Otávio
Parabéns Amanda. Que a verdade seja dita sempre, doa a quem doer, inclusive aos maniqueístas de plantão.
Ubaldo
Concordo com o César. Não defendo aqui a Folha. Mas vamos e convenhamos, basta a FSP fazer uma coisa para o Blue Bus opinar ao contrário. Fica até chato. Aí vêm com esses clichês pseudoesquerdistas: “velha mídia, grande mídia, conservadores, direita, blá, blá, blá” É melhor se assumir como um veículo pró-governo e ponto. Fica mais digno.
Julio Hungria
Ubaldo, ao lado de criticas negativas, no correr desses anos ha dezenas de elogios a Folha – porque ela tem 2 lados. E tem o merito eventual do jornalismo apesar do seu viés claramente distorcido nos assuntos de economia, por exemplo. Alem da fome por audiência que a leva a publicar desnecessarias imagens escandalosas e cansativa repetiçao de assuntos escabrosos, por ex. Nao seja injusto – vc tem consciência que Blue Bus nao é mereamente 1 veiculo pro governo só porque escancara o que ve de errado na midia.