Já reparou isso? Quanto mais liberdade, mais uniformes ficamos (Tania Savaget)

Estava conversando com uma amiga que está escolhendo escola para a filha pequena e, entre outras coisas, falamos sobre as vantagens e desvantagens do uso do uniforme. O papo sempre acaba polarizado entre a liberdade e a praticidade. Ter uniforme até uma certa idade é bem mais prático e evita negociaçoes diárias sobre tamancos, fantasias, roupas de festa, camisas de time de futebol. Mais do que isto, deixa para depois as questoes ligadas ao consumo de marcas e a segregaçao entre os que tem e os que nao tem determinado padrao de consumo.

A liberdade dá mais trabalho mas ajuda a criar identidade, abre oportunidade de diálogo, traz questionamentos. O curioso é que, na maioria das vezes, a liberdade vira uniforme, só que nao o oficial da escola, mas das marcas que crianças e adolescentes reconhecem como as mais bacanas. Apesar de livres, todos ficam parecidos e padronizados. Este comportamento é mais comum do que a gente imagina. Um dado curioso do Censo 2010 amplia os dados sobre a busca pelo parecido – quase 70% dos brasileiros se casam com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça e do mesmo nível de instruçao.

Além de nao ser tao verdadeiro o ditado de que os opostos se atraem, o que fica pra mim é que apesar de termos cada vez menos influências poderosas e imperativas, como os pais, as castas, os estados ou as instituiçoes, acabamos nao atuando de forma tao livre e original como pensamos. Os hábitos, a cultura e todo um complexo sistema de significados influencia, e muito, nossa forma de atuar no mundo. Na busca por pertencimento acabamos repetindo os mesmos padroes. Da escolha da roupa a da nossa cara metade.

publicidade

publicidade