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Já reparou isso? Quanto mais liberdade, mais uniformes ficamos (Tania Savaget)
Estava conversando com uma amiga que está escolhendo escola para a filha pequena e, entre outras coisas, falamos sobre as vantagens e desvantagens do uso do uniforme. O papo sempre acaba polarizado entre a liberdade e a praticidade. Ter uniforme até uma certa idade é bem mais prático e evita negociaçoes diárias sobre tamancos, fantasias, roupas de festa, camisas de time de futebol. Mais do que isto, deixa para depois as questoes ligadas ao consumo de marcas e a segregaçao entre os que tem e os que nao tem determinado padrao de consumo.
A liberdade dá mais trabalho mas ajuda a criar identidade, abre oportunidade de diálogo, traz questionamentos. O curioso é que, na maioria das vezes, a liberdade vira uniforme, só que nao o oficial da escola, mas das marcas que crianças e adolescentes reconhecem como as mais bacanas. Apesar de livres, todos ficam parecidos e padronizados. Este comportamento é mais comum do que a gente imagina. Um dado curioso do Censo 2010 amplia os dados sobre a busca pelo parecido – quase 70% dos brasileiros se casam com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça e do mesmo nível de instruçao.
Além de nao ser tao verdadeiro o ditado de que os opostos se atraem, o que fica pra mim é que apesar de termos cada vez menos influências poderosas e imperativas, como os pais, as castas, os estados ou as instituiçoes, acabamos nao atuando de forma tao livre e original como pensamos. Os hábitos, a cultura e todo um complexo sistema de significados influencia, e muito, nossa forma de atuar no mundo. Na busca por pertencimento acabamos repetindo os mesmos padroes. Da escolha da roupa a da nossa cara metade.
rene de paula jr
leia The Social Animal do David Brooks. somos animais gregarios. varias pesquisas bacanas num belo storytelling
Julio Winck
Sobre a “cara metade”, parece até óbvio que a maioria dos casais que ficam + tempo juntos possuem o mesmo temperamento, que é responsável por pelo menos a metade do nosso jeito de ser na maioria das ocasiões.
Vermelho
Em Estatística, mais especificamente na Amostragem, esse fenômeno pode ser chamado de Efeito de Conglomeração. Na verdade, os iguais se atraem Isso explica, por exemplo, porque, no Rio de Janeiro, os ricos, em geral, moram na zona sul.