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Joelmir e o homem comum – simplificava assuntos complexos e cheios de armadilhas
Joelmir Beting foi, para a economia, o que José Reis foi para a ciência. Um e outro dedicaram boa parte de suas vidas a simplificar assuntos complexos e cheios de armadilhas.
José Reis (1907-2002), que assinava ‘J. Reis’ suas colunas na Folha de S Paulo, ajudou a molecada a entender um pouco mais sobre fissao nuclear, DNA, bactérias e supersônicos. Joelmir Beting (1936-2012) traduziu para o bom português mistérios como estagflaçao, câmbio flutuante, subprime e demanda inelástica. Quando o governo Sarney implantou o Plano Cruzado, que congelou preços e salários em 1986, foi a Joelmir, e nao aos cientistas econômicos, que todos esperaram para tentar entender qual era o milagre. Coube a ele escrever um longo artigo para a Veja, traduzindo didaticamente o que vinha a ser inércia inflacionária, inflaçao de demanda e outros bichos da zoologia econômica.
Joelmir tornou-se pop. Era um frasista dos bons = “Modernizar nao é sofisticar, modernizar é simplificar” é quase uma profecia, aplicável tanto a um laptop quanto a um país. “Quem nao deve não tem” era uma síntese da dinâmica do capitalismo.
Foi jornalista esportivo antes de optar pela crônica econômica. Como comentarista de rádio, eternizou a expressao “gol de placa”, ao propor que se colocasse uma placa no Maracanã, celebrando um golaço de Pelé contra o Fluminense. Nao contente, mandou fazer e pagou a placa, que dizia – “Neste campo, Pelé marcou no dia 5 de março de 1961 o tento mais bonito da história do Maracanã”. Entao Joelmir será lembrado pela sofisticaçao com que se fazia entender pelo homem comum, sinal inequívoco de respeito.
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