Jornalismo br precisa de uma reviravolta como a q pedem p/ futebol (Janio de Freitas)

Janio de Freitas hoje na Folha | foto da capa do argentino Ole

A variedade dos adjetivos foi pequena. Nao por escassez vocabular de quem os emitiu nos jornais e nas emissoras, mas porque o acontecimento nao suscitava mais do que palavras com força dramática. E todas serviram para conduzir à mesma ideia, também expressa com pequena variedade: é preciso mudar tudo no futebol brasileiro, que seja o fim de uma era, é o momento de iniciar uma ressurreiçao. A ideia é o que importa, e é boa. Para torná-la real, nada seria mais eficiente do que começar pelos que a propoem.

A imprensa e os jornalistas sao muito democráticos: têm a convicçao de que tudo e todos sao sujeitos à crítica. Desde que nao sejam a imprensa e os jornalistas. Apesar disso, é preciso dizer que os mal denominados meios de comunicaçao têm uma parcela – de difícil mensuraçao, mas nao pequena – nas causas do que está chamando de “humilhaçao, catástrofe e vergonha”. E parcela maior no choque emotivo das pessoas em geral, reaçao que corresponde à expectativa esperançosa de que estiveram imbuídas (…..)

Antes e depois de iniciada a Copa, o nível médio da franqueza foi muito baixo nos comentários sobre a seleçao, em contraste com a crítica, em âmbito privado, de muitos dos mesmos autores profissionais. Ou pelo que transparecia nas entrevistas de seu trabalho público. Os amistosos com timecos, inclusive já às vésperas da Copa, com Sérvia e Panamá, prenunciaram o que viria depois (…..)

Se o tempo de vida em contato com a imprensa e com a opiniao pública vale alguma coisa, é a partir dele que concluo pela contribuiçao da baixa média de franqueza crítica para a ocorrência do desacerto, continuado e progressivo, que levou à “vergonha”. E do mesmo modo se faz a minha convicçao de que o ambiente ficou livre para que a falta de observaçoes firmes, a tendência nacional ao oba-oba e os interesses comerciais se juntassem na criaçao do otimismo mentiroso. Logo, também na decepçao doída como um luto.

O jornalismo brasileiro está precisando de uma reviravolta mais ou menos como a pedida para o futebol. A na área dos esportes, que poderia ser iniciada com menos obstáculos. Até porque a Olimpíada vem aí (…..)

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