Jornalismo/conversa ou jornalismo/discurso? Carlos Castilho no Observatorio

Por Carlos Castilho, professor na UFSC, critico de midia e membro do board do Observatorio

Depois do surgimento do fenômeno das redes sociais, a produçao de informaçoes tornou-se 1 processo cada vez mais parecido com uma conversa entre indivíduos que fazem e recebem notícias. Trata-se de uma mudança importante e inédita na comunicaçao de massa, porque o público passa a ser protagonista das notícias – nao como entrevistado, vítima ou herói, mas como colaborador.

A transformaçao do jornalismo em grande conversa entre profissionais e o público só nao é mais rápida porque tanto um lado como o outro ainda nao se deram conta das reais dimensoes da mudança. Os jornalistas resistem à perda do controle do fluxo das informaçoes porque foram treinados para dizer para as pessoas o que eles acham importante elas saberem ou nao saberem. Como o público também foi educado no sistema 1 para muitos, ele nao sabe que pode participar da produçao de informaçoes.

Até agora, o jornalista fazia um discurso descrevendo fatos, eventos, objetos e processos que eram transmitidos em sistema de mao única na forma de notícias para milhares de leitores, ouvintes e telespectadores. Por isso, ainda desconhecem a maior parte das vantagens da coproduçao de informaçoes junto com o público.

A institucionalizaçao da conversa ou sistema de mao dupla na relaçao entre jornalistas e público é inevitável porque os profissionais nao conseguem mais dar conta do cada vez mais intenso fluxo de informaçoes circulando na internet.

Os jornais, por exemplo, tem cada vez mais dificuldade para funcionar como filtros de notícias porque nao conseguem captar contextos sociais, econômicos, políticos, culturais e psicológicos cada vez mais complexos. Por mais competente que seja o editor, é muito complicado escrever sobre a crise na Ucrânia porque sao muitas as variáveis em jogo e quase todas elas desconhecidas por nós, brasileiros – siga lendo no Observatorio da Imprensa

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