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Jornalista estrangeiro fala sobre o mérito das Olimpíadas em ano emblemático
Em newsletter enviada nesse fim de semana aos leitores do Quartz, o jornalista Oliver Staley deu sua opiniao sobre a importância das Olimpíadas no contexto atual. Vale a leitura.
No aquecimento para o Rio, o cinismo sobre todo o projeto olímpico parece ser um novo esporte competitivo. Nao faltam problemas: a flagrante comercializaçao, o fantasma do doping, a ameaça do Zika, as águas sujas do Rio, a obscenidade de pagar bilhoes para um carnaval do esporte em uma cidade que nao consegue fornecer os serviços básicos para sua populaçao. Mas há ótimas razoes para deixar o cinismo de lado e ficar ligado. Há obviamente o espetáculo dos atletas, a emoçao de assistir a atletas quase super humanos como Usain Bolt, Simone Biles e Michael Phelps. Mas há também o encontro da humanidade – em todo seu esplendor fragmentado – em um lugar, com um alegre propósito. Mais de 200 países vao participar, nao para elaborar um acordo comercial ou ratificar um acordo climático, mas para jogar. Isso é particularmente significativo em um ano em que tanta coisa está se dividindo. Da relutância da Europa em aceitar refugiados e a rejeiçao da Europa pelo Reino Unido à promessa de Donald Trump de construir um muro na fronteira com o México e a tensao crescente no Mar do Sul da China, 2016 tem sido um ano que vem testando o ideal olímpico de harmonia global. E os jogos refletirao nossos tempos difíceis com um time de refugiados. Claro que seria ingênuo pensar que as Olimpíadas podem resolver rupturas geopolíticas. Jesse Owens acabou com Hitler em 1936, mas isso nao impediu os nazistas de invadirem a Polônia. Jimmy Carter ameaçou boicotar as Olimpíadas de 1980 em Moscou a menos que a Uniao Soviética saísse do Afeganistao; o Exército Vermelho nao se moveu. Mas ainda vale a pena se maravilhar com o milagre modesto que as Olimpíadas conseguem por apenas reunir tantas naçoes em guerra sob uma única bandeira: Israel e Irã, Coréia do Norte e do Sul, Rússia e Ucrânia. As Olimpíadas estao longe de ser perfeitas, mas o mundo é melhor porque elas existem.”
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