Tweet |
Joshua Klein entrevistado por Nelson de Sá hoje na Folha | vc nao pode perder
Entrevistado por Nelson de Sá
Mestre em tecnologia interativa pela Universidade de Nova Iorque, Joshua Klein, 39, consultor da Microsoft e Oracle, que se descreve como hacker de tudo. está lançando nos EUA Reputation Economics (Economia da Reputaçao, em traduçao livre). No livro, prenuncia a substituiçao das moedas por 1 comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe das finanças. Nesse mundo pós-financeiro, em que a privacidade é comercializada, afirma que a reputaçao atestada por pares ou por especialistas ganha, cada vez mais, valor de dinheiro – cobiçada por aqueles que querem vender ou trocar mercadorias, serviços ou interesses.
Entrevistado por Nelson de Sá – publicado hoje na Folha somente para assinantes® – lembra que “se você usa Gmail, já deu ao Google o direito de analisar todos os seus e-mails: com quem você fala, com que frequência, sobre o quê, que palavras usa, quantos pronomes ou adjetivos emprega, todos os documentos”. Observa que “todos os serviços gratuitos fazem isso – o Facebook faz, o Twitter, a Amazon – porque isso permite que vendam de forma mais eficaz” – “O problema é que as pessoas nao estao realmente conscientes de que fizeram esse acordo”.
Sobre uma hipotética volta do respeito a privacidade, diz que “estamos num momento de virada como sociedade”. Define – “Sabíamos que havia algo estranho nesse acordo: estávamos ganhando quantidades imensas de tecnologia de graça – ou que pensávamos ser de graça – em troca de nos dispormos a ver publicidade” – “Mas esse nao é o acordo de fato. O acordo é que as pessoas nos dao essas coisas e, em retribuiçao, temos que comprar outras. E essas empresas farao tudo para serem o mais eficazes possível e nos venderem o que puderem”.
“Daí a precificaçao hiperdinâmica: você entra online para comprar queijo, a empresa que vende o queijo reconhece que você tem um blog sobre isso e dá um desconto de 30%, na esperança de que você compre e depois diga algo bom do queijo”. Diz Joshua que “os indivíduos precisam agora escolher: Querem só ficar com o que é dado? Ou querem ferramentas e tecnologias que permitem que gerenciem seu valor? Creio que veremos mais da última, mas nao estou certo que isto ocorrerá”.
O livro destaca que “quem você conhece” vale mais, hoje, do que “o que você possui” – “O que isso aponta é que, cada vez mais, as plataformas online estao permitindo obter informaçoes de reputaçao sobre as pessoas. Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um Google e ver se você é digno de confiança. Esse tipo de informaçao de reputaçao levou ao surgimento de uma economia de reputaçao online, que está mudando como os indivíduos compartilham valor”.
“Entre os próximos 5 ou 20 anos, veremos boa parte dos 2/3 da humanidade que ainda nao estao na internet aparecerem online, e eles vao querer usar métodos mais flexíveis de comércio. Essas pessoas estao hoje em grande parte no chamado mercado negro, que gira em torno de USD 10 trilhoes. Nos próximos 20 anos, esse será o método majoritário de comércio do planeta”.
“O que acontece quando a economia do mundo é ocupada, de uma hora para outra, por uma populaçao que nao usa instrumentos financeiros tradicionais? Ela vai alavancar uma série de plataformas que, hoje, sao bonitinhas e divertidas. Nao sabemos como será, mas sabemos que pode ser muito desestabilizador”.
Vale a pena ler a integra na Folha – Reputaçao será moeda no mundo pós-financeiro.
Luciano
Trata-se do próximo ponto de ruptura produzido pelas tecnologias digitais de informação e comunicação. Na semana passada, fui “acusado” de ser muito otimista quanto ao futuro descortinado pelos novos meios, mas sou adepto da tese da “tecnologia da libertação”, pela qual os indivíduos, ao se apropriarem dos meios de produção (de comunicação e cultura) têm a chance de ampliar suas autonomias. (Ver http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comtempo/article/viewFile/8394/7900).