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A Justiça de olho na mídia cúmplice da ditadura argentina, saiba aqui
Saiu hoje no Argentinaetc – imagem da reportagem de 1979
Depois de julgar e levar para a cadeia centenas de militares assassinos da última ditadura militar, a Justiça argentina coloca agora a lupa sobre a cumplicidade civil – e da mídia – nos crimes de lesa-humanidade (contra a humanidade), cometidos por aqui nos anos 70.
Pela 1a vez desde que a Argentina começou a acertar suas contas com o passado de sangue e terror, 1 jornalista é convocado a depor como acusado em uma causa sobre uma conhecida operaçao jornalística, que tinha como finalidade manipular a opiniao pública e ocultar os crimes cometidos pelo Terrorismo de Estado.
Agustín Juan Bottinelli era o chefe de redaçao da revista Para Ti (Editora Atlántida), em 1979, quando publicou uma falsa entrevista com a mae de um desaparecido político na qual ela justificava a açao dos militares e a defesa da pátria contra a subversao comunista.
Thelma Doroty Jara de Cabezas estava sequestrada na Escola de Mecânica da Armada quando a matéria foi publicada. Na entrevista, com o título “Fala a mae de um subversivo morto“, a Para Ti perguntava – O que você diria às maes argentinas? E criava a resposta – Que fiquem atentas, que vigiem de perto os seus filhos.
Era uma falsa Thelma justificando a morte do filho como descuido materno, 1 castigo por ter permitido a aproximaçao entre o filho e os ~malvados subversivos comunistas~.
Thelma sobreviveu à ditadura e em 1984 denunciou a revista Para Ti. Somente agora, quase 30 anos depois, sua denúncia ganha a atençao que sempre mereceu.
Seria o início de uma causa paradigmática que, se avançar na velocidade que os julgamentos contra militares têm avançado por aqui, abrirá importante precedente para novos processos por violaçao dos Direitos Humanos, cometidos pela mídia e jornalistas, muitos dos quais ainda em atividade – aqui e em muitos países da América Latina, como o Brasil. É a Argentina – mais uma vez – dando seu exemplo ao mundo :)
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