Lisboa do turismo – nova paisagem de frente para uma nova realidade

Com a explosao do turismo que trouxe para Portugal, em especial para Lisboa, um novo lugar no ranking das capitais mais visitadas da Europa, os moradores e donos de estabelecimentos comerciais começaram a sentir que estao perdendo espaços para viver e ter seus negócios no centro e em alguns dos seus bairros tradicionais. As casas estao cada vez mais caras e muitos recebem ordens de despejo por nao conseguirem fazer acordos com os antigos e os novos proprietários dos imóveis. Programas municipais foram criados e estao sendo implementados para diminuir esse impacto na vida dos lisboetas e dos muitos estrangeiros à procura de casa, brasileiros na sua maioria, que escolheram ficar nesta cidade. Mas nem tudo sao flores, neste ‘jardim à beira mar plantado’…

Hoje mesmo, uma notícia veio abalar a paisagem da quase intocável Praça do Rossio. A famosa Pastelaria Suíça, há quase 100 anos de frente para essa praça lisboeta, vai encerrar brevemente. Um fundo internacional adquiriu todo o quarteirao e o proprietário desistiu de participar do programa de classificaçao ‘Lojas com História’ – o estabelecimento “vai encerrar num futuro próximo”, anunciou o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Duarte Cordeiro. “Sucede que, desde o momento da aludida candidatura até a presente data, ocorreram várias vicissitudes (…) impossibilitando a sua viabilidade, subsistência e continuidade no futuro”, refere a carta em notícia da Lusa, enviada e assinada pelo proprietário do estabelecimento. Pelo tom, digamos assim, definitivo, só resta mesmo recorrer à D. Pedro IV que do alto de sua estátua na praça tudo sabe e tudo vê, à interferência de D. Maria I, nome da ‘dona’ do teatro que fica ali próximo e ao concorrente Café Nicola, no passeio do outro lado, que ainda sobrevive a essa Lisboa das tardes nos cafés, das tertúlias, dos encontros e dos poetas. Já estou até com saudades do que eu nunca vivi…

Foto: Marise Araujo | Foto de capa: Lusa

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