Marcelo Coutinho escreve sobre – A batalha da atençao – leia isso

Na primeira década do século 21, os avanços das tecnologias de processamento, armazenamento e distribuiçao de dados, combinadas com as de mobilidade e visualizaçao, transformaram a publicidade de uma arte (Bill Bernbach, cerca de 1980) em uma ciência (Martin Sorrell, 2013). Ao aumentarem a quantidade de conteúdo disponível e suas opçoes de consumo, tornaram a atençao um dos recursos mais escassos da vida moderna, afetando agências e veículos, empresas que “vivem” da venda de atençao dos consumidores para os anunciantes.

Estas tecnologias permitiram o surgimento no mercado de publicidade de organizaçoes baseadas na “economia das redes”, que é muito mais eficiente que a economia de escala. E elas agora começam a automatizar também os processos de compra e venda de atençao, afetando a única atividade em que uma agência consegue economias de escala. Ao mesmo tempo a combinaçao de produtos com dados e mídia social (por exemplo, Nike FuelBand) cria uma “ponte” direta entre anunciantes e consumidores, reduzindo o espaço dos veículos.

Empresas que estao neste mercado há décadas tentam reforçar as barreiras de entrada (como a legislaçao, por exemplo) ou defender o terreno que já ocupam (dificultando o consumo de conteúdo em tempo diferido da sua “grade”). É um movimento legítimo, mas que apenas represa a pressao das mudanças. Ao atingir determinado ponto, essa pressao é liberada de uma vez, gerando um colapso nas receitas das organizaçoes que nao se adaptaram.

É difícil antecipar para um determinado mercado qual o “tipping point” destas mudanças. Mas se o retrospecto histórico vale alguma coisa, o Brasil possui hoje o mesmo percentual de domicílios com acesso que os EUA tinham em 2001/2002, nossa relaçao entre banda larga e linha discada é a mesma dos EUA em 2005 e o percentual do investimento nos meios digitais é próximo ao dos americanos em 2008. Como os grandes eventos esportivos aceleraram em pelo menos 4 ou 5 anos a implantaçao da infraestrutura digital no país, quem nao se adaptar ficará cada vez mais vulnerável na “batalha de ecossistemas” que se avizinha.

Nota – na semana passada fiz uma apresentaçao no Maximidia sobre presas e predadores no ecossistema de venda de atençao – veja nota no Blue Bus com video. O texto acima reflete minha linha de raciocínio.

Marcelo Coutinho estará neste sabado no debate do Blue Bus no youPix Rio sobre a crise na midia – dividirá a mesa com Nelson de Sá, da Folha, Rizzo Miranda, da FSB Digital e Carlos Moreira Jr, Media Partner do Twitter – mediados por Julio Hungria.

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