Marina da Flórida? Sobre a intervençao de Eike Batista no Parque do Flamengo

O Rio de Janeiro continua lindo. É incrível a resiliência da cidade. Sua beleza tem resistido a todo tipo de tentativa de danificá-la. Mesmo depois de sua maior ameaça, Marcos Tamoyo, o Rio continuou a tirar o fôlego de quem chega perto distraído.

Há quem já fale em dar um respiro à pressao antibeleza, dinamitando a Perimetral e restaurando a paisagem interrompida por quem quis trazer justiça ao mundo das cidades, tentando fazer o Rio de Janeiro um pouco mais parecido com a horrenda Detroit.

Agora os jornais dao conta de que, após duas versoes malsucedidas, a empresa REX, do onipresente Eike Batista, conseguiu aprovar junto ao Iphan um projeto de intervençao na Marina da Glória, em pleno Parque do Flamengo. O Parque é um projeto do arquiteto Afonso Reidy com paisagismo de Roberto Burle Marx.

A intervençao proposta e agora aprovada prevê a construçãao de 1 prédio de 15 metros de altura, 1 centro de convençoes e 1 centro comercial, este a partir do reaproveitamento das lojas já existentes. Ao todo serqo 20 mil metros quadrados de área construída (os dois projetos gongados antes previam 40 mil).

Nada contra a revitalizaçao da Marina, ela bem que precisa de cuidados. Há, no entanto, perguntas que devem ser feitas antes que a primeira marreta comece a trabalhar. O Parque do Flamengo originalmente (e até aqui) é destinado a equipamentos de cunho cultural. Será que 1 shopping center, 1 prédio comercial e 1 centro de convençoes se encaixam nessa proposta? Onde irao estacionar os milhares de automóveis das pessoas que acorrerao alegres e sedentas às novas instalaçoes? 1 prédio de 15 metros (o equivalente a 5 andares) tao perto do mar deixará incólume a paisagem?

Pode ser que tudo melhore com a intervençao de Eike, e as preocupaçoes a respeito sejam infundadas. Mas mesmo daqui de longe é difícil espantar o aroma de miamizaçao que vem da curva mais bela do projeto de Reidy e Burle Marx.

publicidade

publicidade