Mentir na primeira página – prática nefasta para enganar mal informados

Aconteceu esta semana, em plena campanha presidencial aqui na Argentina. O fato: Dia da Indústria. Reuniao do candidato governista, Daniel Scioli, na sede da Uniao Industrial Argentina (UIA), a mais representativa entidade do setor industrial argentino. Declaraçao para a imprensa do presidente da UIA, Héctor Méndez, ao lado de Scioli: “Desde 2002 até 2011, o crescimento industrial mostrou um dinamismo histórico, marcando sem dúvida um período frutífero para nossa indústria. Isto foi o resultado do trabalho conjunto de empresários e o Estado para consolidar um modelo produtivo. Longe de ser o ponto de chegada, é uma plataforma para a decolagem: estas cifras mostram que recuperamos o nível de produçao per capita industrial de 1974.

O contexto: Em 1974 a capacidade industrial argentina tinha atingido um nível recorde. Mas tudo foi destruído depois pela política econômica do regime militar e o modelo neoliberal de abertura dos anos 90. O que se viu como resultado foi uma das crises econômicas mais graves da história da Argentina em 2001. Méndez elogiava justamente a política econômica do governo e a recuperaçao dos níveis industriais da década de 70, pré-golpe militar.

A manchete de primeira página do Clarín do dia seguinte: “A produçao industrial está hoje igual há 40 anos, denunciou (!!!) a UIA“. O que o Clarín nao vai explicar nunca para os leitores, muito menos para aqueles cuja única fonte de informaçao sobre o assunto foi esta primeira página: como considerar denúncia um elogio público ao modelo econômico que recuperou o nível de produçao industrial per capita dos melhores anos da indústria do país? O Clarín sabe que está mentindo, que será criticado, atacado e desmentido. Mas nada é mais importante no jogo sujo deste tipo de jornalismo do que a enorme quantidade de gente enganada, que nunca terá acesso à verdade dos fatos.

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