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O que a Veja mostrou ao censurar textos de memes das atrizes da Globo
Postado por Paulo Nogueira no Diario do Centro do Mundo
Imagine que você é um jovem jornalista que trabalhe num site de uma grande publicaçao. Você bate os olhos numa notícia: a multiplicação dos memes sobre a foto das atrizes da Globo em protesto contra a decisao do STF de respeitar a lei e, portanto, permitir embargos de alguns acusados no processo do Mensalao. Entao você faz, satisfeito, um texto sobre os memes porque isto é notícia: afinal, é uma reaçao ao fato que mais marcou os brasileiros na semana.
E finalmente você recebe dos superiores nao os parabéns por ter identificado um assunto de alto interesse – mas a brutalidade da censura arbitrária. Sua reportagem é, simplesmente, deletada, porque a realidade que ela revela nao se coaduna com a realidade que a publicaçao tenta impingir a seus leitores – “Que eu estou fazendo aqui?” – é a pergunta inevitável que você se faz numa situaçao deprimente daquelas.
Bem, nao é o roteiro de um pesadelo jornalístico para jovens. É o que aconteceu na Veja na mesma semana em que a revista comemora seus 45 anos parecendo ter, mentalmente, 145. A autocensura foi notada no Twitter, e causou merecido escárnio.
Vai ficando cada vez mais difícil para a Veja, por coisas desta natureza, atrair jovens talentosos: quem quer trabalhar nestas circunstâncias? Você tem 20 e poucos anos, tem o idealismo da juventude: o que você pode fazer numa revista que representa e defende a manutençao de um Brasil iníquo e na qual você nao pode publicar sequer um texto sobre memes?
A Veja, ao chegar aos 45 anos, é simplesmente a negaçao do zeitgeist – o espírito do tempo. Combater a desigualdade social é a essência do zeitgeist moderno, nao apenas no Brasil mas no mundo. Mas a Veja marcha do lado contrário, impávida e orgulhosa. É assim que ela chega a 45 anos. E é por causa disso que ela nao irá muito adiante: por seu divórcio com o mundo tal como ele é. Em sua louca cavalgada editorial, a revista pôs na capa desta semana a imagem da justiça curva. A justiça teria se curvado aos poderosos, aspas, ao acolher os chamados embargos infringentes. Ora, como um heroi da própria Veja – o jurista Celso de Mello – demonstrou em seu voto longo no STF na verdade o que se fez foi respeitar a lei e a Constituiçao.
A internet está castigando a revista, é certo: a cada dia menos pessoas leem publicaçoes impressas. Revistas muito maiores que a Veja, no mundo, já morreram, como a americana Newsweek. A própria Time, a maior de todas, agoniza sem que seus proprietários consigam encontrar um comprador para ela. Mas o problema maior da Veja nao é uma tecnologia que a faz obsoleta – é um conjunto de crenças absurdas que a faz cega.
Giuseppe
Parece que o pessoal perdeu totalmente o chão. Serão as forças “ocultas” da economia, da politica, da insensatez, da inexperiência….? Não sei! Socorro estão cortando as raízes da árvore!!
Francisco
Vamos perdoar. A matéria ofenderia o público alvo da revista, ainda de cabeça inchada com o veredito dos embargos infringentes.
Wilson
A Veja morreu e esqueceu de cair. Uma pena.
Tirinhas da Vida
É… Veja que lástima!