Nao mostram qm vc é mas dizem seu gênero e revelam seu perfil de consumidor

Na Carta Capital por Felipe Marra Mendonça – No inicio do mês, a rede britânica de supermercados Tesco revelou sua intençao de instalar telas de cristal líquido para mostrar anúncios nas filiais que contam com postos de gasolina (ao todo, 450 estabelecimentos). Nada de anormal, nao fossem as telas, a serem dispostas acima dos caixas, capazes de identificar através de um scanner uma leitura facial do cliente, para em seguida apresentar anuncios sob o criterio do perfil do consumidor. Comercializada pela empresa inglesa Armscreen, a tecnologia de leitura facial foi desenvolvida pela francesa Quividi.

“É um software que funciona a partir do vídeo capturado pela câmera instalada na tela. Ela pode detectar se é um rosto, mas nao grava a imagem, traços e informaçoes morfológicas. Sabe dizer se à sua frente está um homem ou mulher, por quanto tempo olham a tela e permanecem em frente ao aparelho”, disse ao diário inglês The Guardian o presidente da Quividi.

Estudo divulgado pela empresa francesa em seu site comprovaria a eficácia do software. Em teste com 856 pessoas (621 homens e 235 mulheres), o programa teria sido capaz de identificar os homens com precisao de 95% e as mulheres, de 87%. O problema, no caso do universo feminino, se deu por muitas delas usarem bonés. Excluídas essas, a margem de acerto foi de 92%. Entre os critérios do software estao o tamanho da testa e a proporçao entre a largura e a altura do rosto.

Munido dessas informaçoes, o sistema faz um cálculo e estima a idade de quem está em frente da tela e mostra o comercial específico. (Mas) há quem considere a tecnologia problemática – “As pessoas aceitam algum grau de monitoramento por questoes de segurança pública, mas esses sistemas só existem para nos monitorar e coletar dados de marketing. As pessoas nunca aceitariam uma situação em que a polícia mantivesse um registro das lojas, mas essa tecnologia poderia acabar nisso. Daí para um Estado policial nas portas de lojas é só um pulo”, diz Nick Pickles, da ONG Big Brother Watch, defensor das liberdades civis.

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