Nos 60 anos da Volkswagen, uma homenagem a um grande redator

Na semana em que a Volkswagen completa 60 anos de Brasil, vale lembrar que a marca tem uma das relaçoes mais longevas de um cliente com uma agência de propaganda no país. A VW, conta internacional da DDB desde que, nos anos 50, os alemaes decidiram vender aquele carrinho com cara de besouro em plena terra dos carroes rabo-de-peixe -, decidiu dar a conta, no Brasil, a uma agência local.

Nao eram muitas as agências internacionais, é verdade – havia a Thompson, a Ayer, a McCann, a Lintas e talvez mais uma ou duas. Mas a opçao por uma certa e especial agência local tinha um motivo claro – o cara que respondia pela criaçao tinha acabado de voltar dos EUA, onde havia feito um estágio justamente na DDB, de onde trouxe umas ideias pouco ortodoxas, como desmontar a sala dos redatores e a dos layout-men e juntá-los dois a dois, para que pensassem juntos a soluçao de um briefing.

O dono da agência, um sujeito amabilíssimo, de uma família tradicional de Sao Paulo, havia decidido que o revolucionário criativo viria a ser seu sócio e, para isso, trocou o significado da última letra da sigla, transformando a Alcântara Machado Publicidade em Alcântara Machado, Periscinotto. Ou, como sempre, Almap. Assim começaram dois dos casos mais marcantes da propaganda brasileira – a agência de José de Alcântara Machado e Alexandre Periscinotto e o conjunto da obra da agência para a Volkswagen.

Uma parte importante disso tudo nao teria ido ao ar sem o trabalho de um redator que merece ser lembrado – Sérgio de Andrade, o Arapuã. Formado em direito, Arapuã fez carreira como jornalista e redator publicitário. Teve uma coluna famosa na Última Hora, ‘Ora Bolas!’, em que nao poupava políticos, boleiros e outras personalidades de seu humor rasgado. Na Almap, criou peças memoráveis para a Volkswagen. Em uma ocasião, chegou a atuar num dos filmes que escreveu, como um personagem que berrava em um telefone público, tentando fazer a mulher entender que o carro havia quebrado.

A frase inicial tornou-se um bordao na época: “Alô, Almerinda! Aqui é o Arapa!” As Almerindas da cidade viraram vítimas dos trotes telefônicos da molecada. É claro que a mensagem final era algo como “se fosse um Volkswagen, o Arapa já estaria em casa”. Arapuã morreu em 2009. Nos 60 anos da VW no Brasil, vale lembrar que uma parte importante desse grande trabalho esteve nas mãos dele.

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