A notícia como capital social | texto do Marcelo Coutinho

A chancela do grupo é fundamental para a decisao dos jovens em compartilhar e avaliar a credibilidade das notícias na Internet. Esta é uma das conclusoes da dissertaçao de mestrado profissional “O efeito do empowerment no consumo de informaçao jornalística pelas novas geraçoes”, defendida nessa 5ª feira, dia 08/12, na GV de Sao Paulo (disclaimer: fiz parte da banca).

Segundo a autora do estudo, Magali Coelho, os jovens brasileiros encaram de forma mais positiva a velocidade das notícias do que sua profundidade, e a maneira como lidam com este fluxo é a personalizaçao. Através de diversas entrevistas qualitativas, foi possível codificar as grandes categorias pelas quais eles avaliam a utilidade das notícias (alternativas de aparelhos e plataformas, possibilidades de personalizaçao, confiabilidade, opçoes de privacidade e facilidade/interesse de compartilhamento). Para os “millenials” brasileiros, as marcas jornalísticas tradicionais (e seus portais) sao uma fonte avaliada com certas restriçoes, tanto por conta do conteúdo (muito parecido com o “jornal de papel” ou a “televisao antiga”, simplesmente transcrita para outro meio), quanto por causa do seu passado “manipulador”.

Nos depoimentos, uma parte expressiva do “valor” da notícia vem do sinal que o seu compartilhamento (ou “like”) envia para a rede de amigos ou conhecidos. Compartilhar é sinal que você “está por dentro”, “é uma pessoa ligada”. Mais do que o conteúdo, é o impacto da chamada jornalística responsável por emitir este sinal social. Ao mesmo tempo, existe um grande receio em comentar um assunto, por medo de se envolver em alguma polêmica. Isso explica porque muitos compartilham, mas poucos comentam.

Na minha época de redaçao (impressa) o ditado era “as notícias de hoje embrulham o peixe de amanhã” – nao por acaso, o nome do primeiro jornal personalizado da Web, feito pelo MIT, era “Fishwrap” (mate saudades dele aqui). Agora, as manchetes digitais da última hora embrulham a dose diária de capital social dos internautas. Rentabilizar esta dinâmica é o grande desafio para os produtores de conteúdo da “mídia clássica”.

publicidade

publicidade