Notícia líquida, jornalismo fluido | internet permte novos detalhes de forma ininterrupta

Por Carlos Castilho no Observatorio da Imprensa

Parece jogo de palavras, mas nao é. A notícia deixou de ser algo estático, definitivo e acabado. A avalancha informativa na internet permite agregar novos detalhes, de forma ininterrupta. A notícia torna-se assim algo, por natureza, mutável, líquida como a água. Isso faz com que o jornalismo acabe assumindo também características fluidas, sem verdades definitivas, sem categorias fixas e, sobretudo, assumindo a dúvida e a relatividade como constantes no ato de informar.

Esta nova forma de caracterizar a notícia e conceber a atividade jornalística tem a ver com a nova realidade que estamos vivendo, onde dicotomias tipo bom/mau, bonito/feio, verdadeiro/falso ou justo/injusto sao cada vez mais relativizadas na medida em que a diversidade de dados veiculados pela internet permite multiplicar as visoes de um mesmo fato, número ou evento.

Nessas circunstâncias, o leitor, ouvinte, telespectador ou internauta acaba tendo que revisar seus comportamentos e seus valores gerando dois tipos de postura: assumir a fluidez do ambiente informativo ou agarrar-se aos comportamentos e valores conhecidos e seguros, apesar de questionados pela realidade que nos cerca.

A imprensa brasileira, e também a de outros países, vive hoje o dilema de abandonar rotinas, valores e procedimentos tidos como seguros para aventurar-se no terreno desconhecido e inseguro do novo, daquilo que ainda nao foi testado e experimentado. Isso reflete um divisor de águas de toda a sociedade contemporânea, que vive um momento de transiçao de modelos, que lembra o início da revoluçao informativa provocada pela descoberta dos tipos móveis, por Gutenberg, na metade do século 15.

A atual campanha eleitoral nao é apenas uma corrida entre candidatos e uma disputa entre grupos políticos e econômicos pela conquista de mais 4 anos de controle da máquina estatal. Ela é também um laboratório para as empresas de comunicaçao e para os jornalistas, onde está sendo posta à prova a relaçao entre a imprensa e os leitores – siga lendo no Observatorio

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