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Novo surto de vale-tudo | leu o texto do Dines no Observatorio?
Ceagesp pegando fogo, e a midia?
Alberto Dines na ediçao 790, publicado na 3a feira
Na tarde de 12 de abril de 2011, em aula da primeira ediçao do Curso de Pós-Graduaçao em Jornalismo, da ESPM-SP, Eurípedes Alcântara, diretor de Redaçao da Veja, na condiçao de professor-convidado, declarou, para espanto dos 35 alunos presentes: “Tratamos o governo Lula como um governo de exceçao”. Na capa da última ediçao do semanário (ainda nas bancas), o jornalista ofereceu trepidante exemplo da sua doutrina.
Para comprovar a ilegalidade das regalias que gozaria o ex-ministro José Dirceu no Complexo da Papuda, Veja cometeu ilegalidade ainda maior. Detentos nao podem ser fotografados ou constrangidos, o ato configura abuso de poder, invasao da privacidade e, principalmente, um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística. Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formaçao de quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel) nao entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos funcionários pelas fotos e as, digamos, “informaçoes”.
“Exclusivo – José Dirceu, a Vida na Cadeia” nao é reportagem, é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual quantidade de velhacaria em 8 páginas artificialmente esticadas e marombadas. As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura), feitas certamente com microcâmera, nao comprovam regalia alguma.
Ao contrário: magro, rosto vincado, fortes olheiras, cabelo aparado, de branco como exige o regulamento carcerário, nao parece um privilegiado. Se as picanhas, peixadas e hambúrgueres do McDonald’s supostamente servidos ao detento foram reais, Dirceu estaria reluzente, redondo, corado. Um preso em regime semiaberto pode frequentar a biblioteca do presídio, nao há crime algum.
A grande imprensa desta vez nao deu cobertura ao semanário como era habitual. Constrangido, o Estado de S.Paulo foi na direçao contrária e já no domingo (16/3) relatava, com chamada na primeira página, as providências das autoridades brasilienses para descobrir os cúmplices do vazamento (ver “Dirceu teria mais regalias na cadeia; DF nega”). Na 2a feira, na Folha de S Paulo, Ricardo Melo lavou a alma dos jornalistas que repudiam este jornalismo marrom-escuro (ver “O linchamento de José Dirceu”).
O objetivo da cascata nao era linchar Dirceu, o que se pretendia era acirrar os ânimos, insuflar indignaçoes contra uma suposta impunidade, alimentar a agenda dos black-blocks (ou green-blocks?).
Os agitadores e agentes provocadores estao excitadíssimos às vésperas dos 50 anos do golpe militar. O violento quebra-quebra na 6a feira (14/3), na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) – o maior do gênero na América Latina – nao foi provocado pelos caminhoneiros que passariam a pagar pelo estacionamento. Foi obra de profissionais do ramo da agitaçao política com a inestimável ajuda da PM, que demorou 3 horas para chegar ao campo de batalha.
As convocaçoes para atos e passeatas destinadas a homenagear o golpe de 1964 nao falam na derrubada de Jango, falam em derrotar o PT. Convém lembrar que a rede Ceagesp é, desde 1997, federalizada, ligada ao Ministério da Agricultura. Num governo de exceçao vale tudo. Também no jornalismo de exceçao.
Depois de 3 edições e 3 turmas de valentes profissionais, o Curso de Pós-Graduaçao em Jornalismo com Ênfase em Direçao Editorial, parceria da Editora Abril com a ESPM, foi suspenso. Na véspera do primeiro aniversário da morte de Roberto Civita, está desativada uma de suas mais lindas façanhas no campo da formaçao profissional. Nao merecia.
Giuseppe
Julio, nem tanto ao mar, nem tanto a terra. A Veja trata como exceção e outros (de rabo preso por causa de impostos e financiamentos) lambem as botas dos PTralhas. Um não justifica o outro, mas qual é o idoneo. Não existe! Pelo menos ele teve coragem de dizer a verdade e os outros..? E a Globo o que faz? Ela é que tem a maior carga de responsabilidade de ser imparcial, mas é nitidamente parcial aos seus interesses.