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‘Num mar eletrônico, onde podemos ser devorados ou ignorados como um 1 anacronismo desnecessário’
Duas manifestaçoes que vieram a público na semana que passou abrem espaço para novas angulaçoes no debate sobre o futuro do jornalismo – verifica Luciano Martins Costa em comentario para o programa de radio do Observatorio da Imprensa de hoje, dia 10. Titula – ‘Uma sepultura, dois epitafios’.
Relata – “Durante o Seminário Internacional Rumos do Jornalismo Cultural, evento paralelo ao MediaOn – Seminário Internacional de Jornalismo Online, que se realizou em Sao Paulo entre 4a e 6a, o ex-diretor de mídias digitais do jornal espanhol El País e professor da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, Gumersindo Lafuente, observou que ainda há jornalistas que rejeitam as tecnologias digitais de comunicaçao, adotando uma atitude de negaçao diante da realidade”.
“A outra reflexao sobre o cenário das comunicaçoes nasce de um manifesto de 3 pesquisadores do Centro Tow para Jornalismo Digital da Universidade Columbia, em Nova Iorque, no qual os autores afirmam que as empresas tradicionais de mídia já perderam a oportunidade de reinventar seus negócios”.
Diz Luciano – “A declaraçao de Lafuente apanha no contrapé muitos estudiosos do jornalismo contemporâneo que vêm adaptando argumentos de fontes diversas, como a Teoria Crítica e a Nova História, ou versoes ‘higienizadas’ de matrizes marxistas, para demonizar as tecnologias digitais, afirmando que as redes sociais e outras novidades da internet móvel sao apenas a mais nova forma de dominaçao do capitalismo”.
Quanto ao manifesto dos pesquisadores da Universidade Columbia “é ainda mais radical” – “Para Clay Shirky, Christopher Anderson e Emilly Bell, a indústria da informaçao que um dia conhecemos nao existe mais – e discutir um futuro para a imprensa tradicional é perda de tempo (!)”.
O manifesto pondera que “a internet é um ambiente essencialmente flexível e visual, o que nao combina com sistemas de decisao centralizados e verticais, que implicam estruturas complexas de alto custo”. Mais – O que os autores chamam de “jornalismo pós-industrial”, simplesmente “nao tem como sobreviver diante da queda das receitas de publicidade, 1 fenômeno que se arrasta há mais de uma década nos EUA e tende a se espalhar pelo resto do mundo”.
O manifesto aborda ainda a circunstância irônica na qual os jornalistas têm muito mais acesso a informaçao, por causa das maiores exigências de transparência por parte da sociedade mas lembra que o público também tem acesso às mesmas fontes (!) – “O que os 3 pesquisadores chamam de superdistribuiçao – e poderia ser também qualificado como hipermediaçao – significa que também o cidadao comum ou uma publicaçao menos importante pode produzir e distribuir conteúdos interessantes e de qualidade” – observa Luciano.
Bell, Shirky e Anderson encerram o estudo citando um relatório produzido em 1992 pelo entao diretor do Washington Post Robert Kaiser, que, ao ser apresentado às ainda distantes possibilidades das publicaçoes multimídia, escreveu – “como o sapo em água fervente, estamos nadando num mar eletrônico, onde podemos ser devorados ou ignorados como um anacronismo desnecessário”.
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