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O caso “Richthofen na cracolândia” – uma aula de fake news | da Super Interessante
Tendo como base a cobertura do caso de Andreas von Richthofen – irmã de Suzane von Richthofen -, que esta semana foi encontrado sob efeito de drogas e posteriormente internado, o diretor de redaçao da Super Interessante, Alexandre Versignassi, faz uma análise sobre como as notícias falsas surgem e rapidamente se espalham na internet. Vale a leitura. Ilustraçao de Thales Molina.
As notícias sobre o Andreas von Richthofen mostraram em tempo real como é o processo que faz surgir notícias falsas.
Primeiro saíram os fatos reais: ele foi encontrado no jardim de uma casa que tinha invadido, em Santo Amaro, todo ferrado, alucinando.
Depois algum editor esperto colocou que ele tinha sido achado em ‘uma cracolândia’. Nao chega a ser incorreto. Se a casa invadida ficava perto de algum dos vários centros de consumo de crack da cidade, faz sentido, e chama mais a atençao. Tanto chama que, aí, com a palavra ‘cracolândia’, a notícia bombou de vez.
Mas logo o termo sofreu uma mutaçao. O artigo indefinido ‘uma’, de ‘uma cracolândia’, foi sendo paulatinamente trocado pelo artigo definido ‘a’, de ‘A cracolândia’. A da Luz, a do Doria, a da Craco Resiste, a que mudou da Dino Bueno para a Praça Princesa Isabel. A Big One.
No ambiente digital, essa mutaçao foi tao benéfica para a geraçao de cliques quanto o bipedismo foi para a adaptaçao dos hominídeos à savana: mudou tudo. A supressao do artigo uniu o caso Richthofen ao caso cracolândia, e o assunto virou um Godzilla: um mutante radioativo mais forte que qualquer outro assunto – e a essa altura quase tão fictício quanto o próprio Godzilla.”
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