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O Globo e s/ estranha definiçao de tática suicida | Daniel Oiticica em Buenos Aires
Para o br O Globo, Cristina Kirchner adotou uma tática suicida na negociaçao com os fundos abutres, que insistem em receber 100% do pagamento de uma dívida, cuja reestruturaçao foi aceita por 92% dos credores e vem sendo paga religiosamente nos prazos estipulados. Trocando em miúdos, para O Globo, resistir à pressao de 1 grupo de especuladores, que pretende levar um país inteiro à bancarrota, é uma tática suicida.
“Podem inventar outro termo, isso nao é moratória. A Argentina pagou e continuará pagando a todos os organismos de crédito com os quais reestruturou sua dívida”, declara Cristina Kirchner. “Esta Presidenta nao vai assinar nada que comprometa o futuro das geraçoes da Argentina como fizeram outros, que assinaram qualquer coisa”, completa.
O Globo omite, mas a tática suicida de Cristina conta com o apoio de toda a regiao e da Organização dos Estados Americanos (OEA), como mostra esse vídeo – abaixo. O Globo também omite as declaraçoes de diversos economistas – inclusive opositores ao governo Kirchner, como Roberto Lavagna e Martin Losteau (ex-Ministros de Economia) – que apoiam a estratégia nacional.
ramiro
Discordo da análise do Sr Oiticica
1)O “mercado” e “suas expectativas” somos todos nós
(sua tia, seu filho, sua avó aposentada..)
2) Esquecem que a origem da dívida é quem pediu emprestado. Foi a Argentina que (no passado) pediu empréstimos (que foram usados sabe-se lá onde) e que agora são cobrados;
3) Existe sim uma assimetria de conhecimento entre o setor financeiro e a economia real
(isso se resolve com EDUCAÇÃO, CONTROLE DE GASTOS E INVESTIMENTOS COM RETORNO SOCIAL);
4) O problema é que ao redor do conceito “políticas públicas” existe muita ineficiência
O erro latino americano (no geral) é trabalhar com dívidas que “um dia serão pagas”. Este dia chegou p. a Argentina. O uso de dinheiro público precisa ser eficiente!!
Daniel Oiticica
Prezado Ramiro, você so esqueceu de uma coisa na sua análise: pagar essa dívida a um punhado de especuladores (um punhado mesmo, hein, dá pra contar nos dedos) significa a falência de um país inteiro, o que quer dizer fome, miséria e morte, às custas da riqueza de meia dúzia de canalhas do sistema financeiro internacional. Dá uma pesquisada pra conhecer o que sao os fundos abutres…
ramiro
Prezado Oiticica,
Antes que me entenda errado: não defendo especuladores. Meus pais foram professores de ensino básico, em uma cidade paupérrima. Tenho o mesmo apreço que você por políticas sociais justas. Os fundos abutres são tão nefastos quanto os políticos ( e a sua ineficiência histórica).
É preciso entender que o ciclo de endividamento é inter-geracional (uma geração faz dívidas p. outra pagar).
Entender essa dinâmica evita que o Brasil caia na mesma armadilha pesquisei o assunto e encontrei isso – http://www.buzzfeed.com/kenbensinger/the-strange-but-true-tale-of-argentinas-debt-mess – se puder leia, vale a pena! grato pelo debate democrático
Daniel Oiticica
Ramiro, nao tirei nenhuma conclusao sobre sua formacao ideologica. Agora o problema é entender bem o que esta acontencendo aqui. O governo argentino está fazendo o dever de casa. Poderia pagar esses 1,5 bilhao de dolares aos fundos abutres. Tem o dinheiro. Suas reservas sao de mais de 25 bilhoes de dolares. O problema é o que aconteceria depois. Todos os outros credores (inclusive os 92% que já tinham aceitado a reestruturacao da dívida) pleiteariam receber o mesmo benefício. Sabe o que isso significaria? Quebrar o país e jogar no lixo o mais bem sucedido processo de desendividamento da historia da America Latina… Resistir a esse ataque especulativo, apoiado pela Justica norte-americana e os canalhas de Wall Street, é nao apenas defender a propria soberania, como também a de todos os países da regiao, inclusive o nosso. Pesquise o quem vem sendo dito sobre o assunto, nao o que diz a grande mídia, ou o proprio juiz Griesa, mas sim o que dizem economistas de prestigio, chefes de estado de todos os países do mundo, OEA, CIADI e até mesmo o NY Times… Nao concordo que os politicos sao nefastos. A politica e o Estado de Direito sao a garantia de que sejamos respeitados, possamos evoluir e ser mais felizes nesse mundo injusto. A corrupcao na politica nao é a regra. Agora os abutres sao o que o nome diz, aves de rapina, que vao atras das carcacas para sobreviver, nao da pra comparar. Abraco
ramiro
Grande Oiticica,
Grato pela resposta detalhada.
Recomendo muito a leitura
http://www.buzzfeed.com/kenbensinger/the-strange-but-true-tale-of-argentinas-debt-mess
Lá você irá poder ver exatamente seu ponto de vista, como também poderá ver um outro.
(invista um pouco de seu tempo e leia)
Abraços e enjoy B.A.
Daniel Oiticica
Caro Ramiro, segui o seu conselho e li, mas parei nesta parte: The other 8%, known as holdouts, have received nothing. And the Argentine legislature passed a “lock law” making it illegal for the country to make subsequent offers to other bondholders. Basically, the 8% who didn’t take the offer were frozen out.
Por que? Porque não é verdade. Nao houve nenhuma lei que congelasse esses 8%. Essa regra está nos contratos de compra de títulos e tem a sua lógica. Se não existisse essa clausula, nenhuma reestruturacao de dívida seria possível.
Quem aceitaria um acordo de reestruturacao sem a existencia de uma regra que impeça que os que nao aceitem sejam beneficiados depois, em futuros acordos, e recebam muito mais? Essa clausula presente nos contratos serve justamente para proteger os donos de títulos contra reestruturacoes trapaceiras, que está claro não foi o caso dessa.
E mais. No caso especifico destes titulos argentinos essa regra tinha prazo de validade: 10 anos. Esse prazo vence em dezembro de 2014, o que significa que a partir de janeiro de 2015 o governo argentino pode pagar o que os 8% estao pedindo (e tem suficientes fundos no Banco Central para pagar), sem correr o risco de que os outros 92% entrem na justiça pedindo as mesmas condicoes de pagamento, o que certamente levaria o país um real calote, por falta de fundos, colocando a perder todo o esforço feito nos últimos anos neste processo de desendividamento…
Desculpe, mas este artigo falta com a verdade num ponto crucial para entender a questao. De qualquer forma, obrigado por debater comigo. Um abraço