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O ódio é a herança da imprensa – Luciano Martins Costa no Observatório
Texto originalmente publicado no Observatório da Imprensa na 6ª feira, dia 24 de outubro
“Na sexta-feira (24), dia de encerramento da propaganda eleitoral e do último debate entre os candidatos à Presidência da República, os dois institutos de pesquisa mais considerados pela imprensa declaram consolidada a tendência de vitória de Dilma Rousseff. (…) A se concretizar o que dizem o Ibope e o Datafolha, a mídia tradicional é, neste momento, a parte derrotada no confronto bipartite em que se configuram as eleições no Brasil ao longo deste século.
Como suporte midiático da aliança oposicionista, a imprensa hegemônica é a matriz do radicalismo que domina a disputa eleitoral. A se confirmarem os números dos dois institutos, as grandes empresas de comunicaçao deverao reunir seus conselhos imediatamente após a eleiçao, para discutir o futuro.
As análises sobre a virada da candidata petista em cima do senador Aécio Neves, do PSDB, observam com clareza que a presidente da República reverteu a tendência inicial do segundo turno com o recurso da propaganda direta no rádio e na TV. No entanto, nenhum especialista credenciado pela imprensa admite que essa mudança significa, na prática, a desconstruçao do discurso da própria mídia, que em mais de uma década vem injetando na agenda pública uma mensagem de depreciaçao da política e descrédito das instituiçoes republicanas.
Há corrupçao? Certamente há muita corrupçao, em todas as instâncias do poder público e em todos os poderes, como uma praga de cupins incrustada no sistema republicano. A origem desse vício é a própria Constituinte de 1988, que reorganizou a República após a ditadura militar, construindo um arcabouço legal à base do corporativismo e providenciando holofotes para o protagonismo de grupos que haviam apoiado o regime de exceçao.
A imprensa, como instituiçao, tem parte da responsabilidade, como demonstrou pesquisa do historiador Francisco Fonseca, professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas.”
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