“Os Jogos Olímpicos libertaram o Rio” – e o pessimismo serve a quem?

A 31ª ediçao dos Jogos Olímpicos marcou a melhor participaçao brasileira em uma Olimpíada – foram 19 medalhas, que colocaram o Brasil numa inédita 13ª posiçao no quadro geral de medalhas da competiçao. O nº de ouros olímpicos também foi o maior até hoje – 7 no total, superando os 5 obtidos nos Jogos de Atenas em 2004. E, mais do que isso, os Jogos trouxeram ao povo brasileiro o orgulho de ter sediado, com sucesso, um evento desse porte. A grande mídia, no entanto, insiste no “complexo de vira-lata”. Pouco depois da seleçao masculina de vôlei ter conquistado o ouro em disputa contra a Itália, neste domingo, a Folha tuitou – “Brasil nao atinge meta do COB de ficar entre os 10 primeiros em número de medalhas”. No Twitter, a manchete amargurada foi duramente criticada pelos leitores. Hoje, o mesmo pessimismo se abate sobre as capas de grandes jornais como a própria Folha – “Brasil celebra sucesso dos Jogos, mas nao bate meta” – e o Estado de Sao Paulo – “Brasil faz melhor campanha, mas nao atinge meta”. Contrariando quem insiste em ver o “copo meio vazio”, a jornalista alemã Astrid Prange, em artigo de opiniao no Deutsche Welle, diz que “os Jogos Olímpicos libertaram o Rio” – “Libertaram do difundido complexo de inferioridade brasileiro de que no exterior tudo funcione melhor do que no próprio país. Libertaram do trauma de que a pobreza e a violência minam a beleza da cidade. Libertaram-no da ilusao de que os visitantes estrangeiros, sobretudo da Europa e dos Estados Unidos, se comportem sempre melhor do que os próprios conterrâneos.” Para a jornalista, “mesmo que após os Jogos os problemas da cidade permaneçam os mesmos de antes, mesmo que a criminalidade, caos do trânsito, hospitais desmoronando e policiais sub-assalariados sigam marcando o quotidiano carioca, a cidade mudou: uma nova autoconfiança tomou conta de seus cidadaos”. Se o Rio é o inferno, é o “mais maravilhoso inferno do planeta”, diz Astrid. A muitos, no entanto, interessa que o brasileiro nunca se liberte do complexo de vira-lata – mas se os Jogos Olímpicos libertaram o Rio, a esperança é que tenham plantado a semente para libertar o Brasil inteiro.

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