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“Passa lá em casa” virou “passa lá no meu Facebook” | texto do Jayme Serva
Meia-noite, voltando de uma jornada cansativa na USP, chego à lojinha 24 horas do posto de gasolina na esquina da Angélica com a rua Alagoas. Ali, à porta, sentado num banco está um sujeito sorridente, meio calvo e gordote, com uma lata de cerveja na mao, conversando com um jovem ao lado de um carro. O sotaque carioca carregado é inconfundível.
“Essas coisas sao assim mesmo. Já aconteceu comigo e eu…”
Nao ouço mais, porque a porta de vidro atrás de mim fechou e eu fui ao balconista atrás de um derradeira-esperança, aquele sanduíche de pao de miga com um cremezinho de difícil identificaçao, acondicionado em uma embalagem plástica transparente triangular. Pego, pago e saio.
Do outro lado da porta de vidro, a conversa reaparece.
“É isso, meu camarada. Qual é mesmo a sua graça?”
“Paulo”
“Grande Paulo, passa lá no meu facebook e a gente continua esse papo.”
O sinal dos tempos, consubstanciado ali a meu lado! Já entrada no século 21, a velha chamada das calçadas da avenida Vieira Souto, “passa lá em casa“, havia ganho sua versao digital.
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