“Pouco importa se é fake news” – contanto que difame quem me incomoda

Consideradas uma das maiores ameaças ao livre debate e à democracia no mundo dito civilizado, as fake news sao uma verdadeira praga moderna mais difícil de combater do que se poderia imaginar. Instruçoes sobre como detectar notícias falsas, alertas para nao compartilhá-las, mecanismos automatizados para indicar a confiabilidade do conteúdo – nada disso deve surtir grande efeito enquanto a vontade de difamar a pessoa/partido/ideia da qual eu discordo for maior do que o apreço ao bom senso. Se antes as pessoas mostravam o mínimo de pudor quando alertadas sobre o compartilhamento – imagina-se, involuntário – de uma notícia falsa, agora parece crescer o movimento daqueles que já nao se importam mais. “Pouco importa se a frase é ou nao dela”, disse a pessoa que compartilhou uma notícia falsa no Facebook sobre determinada figura pública e foi alertada sobre a idoneidade da informaçao. Ao que parece, mais importante é reforçar a minha crença de que aquela pessoa/partido/ideia é mesmo merecedora do meu desprezo. Ou entao é difícil demais admitir a própria ignorância. Se já nao permitirmos nos questionar, duvidar, ponderar, nao há botao indicador de ‘Fake News’ que salve nossas timelines da mentira. Até lá, internet, boa sorte combatendo as fake news. Na era da pós verdade, a verdade é aquela que me representa – seja ela verdade ou nao. | Imagem de capa: ilustraçao de 1894 de autoria de Frederick Burr Opper 

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