Quando o feriado vai pro saco (Se você está lendo isto, bem-vindo!)

Trabalhar no fim-de-semana é um castigo que os deuses infligiram aos que achavam poder driblar a expulsao do paraíso exercendo uma profissao que, no fundo, era diversao. O barbudo lá de cima levantou a mão e bradou: “Vais ficar desenhando e escrevendo gracinhas, sim, como queres. Mas serás obrigado a fazer isso por todos os dias de tua vida!” E aboliu o sábado e o domingo.

Manteve alguns feriados, mas criou um castigo aos mais renitentes, a que chamou Plantao. Foi esta a penitência que me coube, num ano em que tinha planejado cuidadosamente uma viagem tipo lua-de-mel com uma moça por quem tinha, digamos, muito apreço – aproveitaria a emendada entre Natal e Ano Novo e iria me deliciar em uma praia distante, só voltando em janeiro, queimadao e feliz. Já estava com as passagens quando o diretor de criaçao me chamou na sala dele e deu a notícia, completando: “Olha a responsabilidade: eu vou dar uma fugidinha pra Fernando de Noronha, entao tá tudo na sua mao!”

Éramos 3. O Natal na 2a, o Ano Novo no domingo seguinte. 4 dias, 3a a 6a, esperando o telefone tocar. Já na tarde do primeiro dia, alguém achou uma foto grande do presidente do maior cliente da casa. Havia uns dardos. O tiro ao alvo aliviou um pouco as tensoes. Mas oito horas diárias de dardo também se tornavam insuportáveis.

Na 6a feira, às 3 da tarde, começamos a nos levantar. Pra quê? O atendimento apareceu na porta de bermudas e bufou: “Ainda bem que vocês ainda estao aí. Tem um anúncio pra sair ainda no jornal de amanha.” Nao era uma boa notícia, mas também daria a chance de exercitar um pouco da criatividade. Mas ele ainda nao tinha acabado: “É um edital”. Bom, agora já nao adiantava mais tentar engenharia :(

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