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Quanto vale a mediaçao quando cada pessoa é potencialmente uma mídia?
Aqui trecho de artigo do Luciano Martins Costa publicado no Observatorio da Imprensa sob o titulo A mídia tradicional e a ilusao do controle – editado pelo Blue Bus.
As grandes empresas brasileiras de comunicaçao se reuniram esta semana em Sao Paulo para discutir o futuro do setor. Com pouquíssimas variaçoes, o teor dos discursos foi mais uma repetiçao do que vem sendo dito desde… 1993. A palavra de ordem é a mesma de quando a imprensa foi impactada pela criaçao do primeiro browser comercial da internet, o Mosaic. 20 anos depois da ruptura provocada pela tecnologia digital, os gestores de jornais ainda falam de sinergia como a panaceia de todos os negócios.
O Seminário Internacional de Jornais é uma iniciativa da INMA, sigla em inglês para Associaçao Internacional de Marketing de Imprensa, evento que reúne dirigentes e profissionais de marketing de empresas jornalísticas. Faz parte do esforço do setor para interromper a crise que se desenrola com a perda de receita da publicidade e queda nas vendas. Os temas do encontro incluem o efeito da expansao da mobilidade do público, pela popularizaçao dos telefones com acesso à internet; as novas competências do setor; a publicidade digital e a construçao de marcas multimídia (…..)
A grande “sacada” geral das empresas de comunicaçao é que, duas décadas depois do big bang da internet, “o jornal nao é mais um produto, mas uma plataforma de muitas faces, que tem no conteúdo de qualidade o seu maior valor”, conforme declarou o representante do Globo. A frase é boa, mas esconde o grande dilema do setor: a questao da imprensa nao é mais o modelo de negócio, mas a própria natureza da atividade jornalística. A grande pergunta é quanto vale a mediaçao num ambiente em que cada pessoa é potencialmente uma mídia?
(Aqui) os gestores de jornais elegeram como inimigos preferenciais o Google e o Facebook, tomando como critério apenas o que consideram valor de face da notícia. A disputa dos jornais com o Google e o Facebook se refere às margens de ganho de cada parte, comparada ao peso de cada um na produçao e distribuiçao do conteúdo jornalístico. Mas essa discussao nao leva em conta, no lado da imprensa, que as duas potências digitais sao os protagonistas centrais no contexto em que se desenvolvem novas formas de vínculos sociais. Seria certamente mais produtivo se a mídia tradicional buscasse um acordo para se propor como um sistema de ancoragem dos conteúdos que trafegam nas redes digitais, abandonando a ilusao de que ainda ocupa o centro do ecossistema comunicacional.
Acontece que os jornais vivem uma ilusao do controle. Seus dirigentes imaginam que ainda controlam o fluxo da comunicaçao na sociedade contemporânea. No entanto, já nao falam diretamente à sociedade, mas cumprem um papel marginal, dialogando com as instituiçoes. Por exemplo, os jornais falam aos partidos políticos, mas nao aos eleitores. No dia em que o Google e o Facebook decidirem apoiar cooperativas de jornalistas, criando seus próprios conteúdos com novas marcas, a imprensa que conhecemos vai virar passado.
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