Radicalismo nas redes sociais ganha espaço com erros da imprensa | do Observatório

Texto de Carlos Castilho publicado originalmente no Observatório da Imprensa

A eleiçao de Donald Trump tornou evidente um paradoxo muito preocupante. Ao mesmo tempo em que vivemos a era da abundância informativa gerada pela internet, verificamos que a imprensa se enclausurou numa bolha informativa deixando o cidadao comum sem elementos para poder situar-se no mar de desinformaçao criado nas redes sociais.

A vitória de Trump foi um choque de realidade para a maioria esmagadora dos leitores, ouvintes e telespectadores que verificaram de forma brutal como estavam condicionados por um tipo de informaçao produzida por uma imprensa enclausurada num sistema (establishment) composto pelas elites tomadoras de decisoes no âmbito da política, econômica, justiça e administraçao pública.

Tanto nos Estados Unidos, como na Inglaterra, a imprensa recorreu ao eufemismo da surpresa para explicar seus erros de previsao de fatos políticos, como o desfecho de uma campanha presidencial e o voto pela saída da Comunidade Econômica Europeia (Brexit).

Desculpas como volatilidade eleitoral ou equívocos técnicos na verdade escondem algo mais profundo que é essencialmente político. A imprensa nao percebeu uma mudança no contexto informativo com a massificaçao do uso das redes sociais, onde só o Facebook tem cerca de 1,7 bilhao de usuários no mundo inteiro.

O enclausuramento de imprensa na bolha do establishment levou-a a aferrar-se a uma agenda noticiosa determinada pelos grandes tomadores de decisoes, afastando-se do cidadao comum que passou a encarar os jornais como parte de um sistema que pensa e age em funçao dos seus próprios interesses. O distanciamento em relaçao à imprensa levou o cidadao desiludido e contaminado pela sensaçao de desamparo a buscar nas redes sociais o conforto de encontrar pessoas com as mesmas frustraçoes.

Acontece que as redes sociais tem dois grandes problemas: sao ótimas para a disseminaçao de rumores e boatos e para a formaçao de guetos informativos. No boca a boca virtual, as pessoas dizem o que pensam, a maioria sem muita preocupaçao com causas e consequências do que publicam. As pessoas ainda nao distinguem o que dizem numa rede social daquilo que proclamam num papo de botequim. Acontece que no bar, o dito fica restrito aos colegas de mesa, enquanto no Facebook se espalha por milhares de usuarios. (…)”

Continue a leitura aqui. | Ilustraçao: Igor Kopelnitsky

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