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Reality shows | Mais 1 limite ultrapassado – Qual será o próximo? – Jayme Serva
Reality shows, virgindade à venda e lutas de vale-tudo sao o mais claro sinal da quebra de um certo limite ético que já vinha sendo trincado desde os pragmáticos anos 80. Na década que inventou os yuppies, o que era chamado de “área cinzenta” entre o legítimo e o nao legítimo foi rapidamente branqueado – “Pagando bem, que mal tem?” – pode ser considerada a frase popular brasileira que melhor traduz os tempos que se sucederam desde entao.
Já fui muitas vezes chamado de exagerado quando digo que vai chegar o dia em que um participante do BBB vai continuar na disputa à custa de decepar um dedo ou perder um olho. Afinal, insolaçao, fadiga extrema, coma alcoólico já sao comuns, viraram paisagem no espetáculo de exposiçao sem limites que os reality shows promovem. Pois agora, mais um limite foi ultrapassado – num reality show francês chamado ‘Koh-Lanta’, um dos participantes teve uma parada cardíaca e morreu :( Koh-Lanta é o nome de uma ilha paradisíaca no sul da Tailândia e novo nome para um formato conhecido, em que jovens atléticos passam por duras provas em lugares lindos.
É claro que se pode falar de fatalidade, se pode dizer que até na novela das 7 um ator pode ter um infarto e passar desta para melhor, que a Fórmula 1 mata mais que o vale-tudo. Mas a questao nao é – ainda – de letalidade, mas do que se admite expor. Colocar em frente às câmeras um homem se aproximando de seu limite físico ante um desafio externo se aproxima muito do famigerado “snuff”, aquele gênero de pornografia em que nao se exibiam cenas explícitas de sexo, e sim de morte. Os reality shows se aproximam perigosamente do que seria um ‘soft-snuff’, fazendo um paralelo com o ‘soft-porn’, que as TVs abertas, aliás, ainda nao exibem, embora exibam alegremente a sangueira espirrando nos ringues do horário nobre.
Nao há muito o que fazer para mudar essa cena, a nao ser falar. Falar e torcer para que a repugnância geral vá aos poucos tirando a audiência – que é o oxigênio desses espetáculos – ou o patrocínio – que é seu alimento.
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