Também somos o chumbo das balas da Policia Militar – leia esse texto

Por Eliane Brum, na Revista Época – foto – a Maré sob uma lua amarela

Editado – Você está na sala assistindo à TV. Ou está no restaurante, com seus amigos. Ou está voltando para casa depois de um dia de trabalho. Você ouve tiros, você ouve bombas, você ouve gritos. Você olha e vê a polícia militar ocupando o seu bairro, a sua rua. É difícil enxergar, por causa das bombas de gás lacrimogêneo, o que aumenta o seu medo. Logo, você está sem luz, porque a polícia atirou nos transformadores. O garçom que o atendia cai morto com uma bala na cabeça. O adolescente que você conhece desde pequeno cai morto. Um motorista está dirigindo a sua van e cai ferido por um tiro. Agora você está aterrorizado. Os gritos soam cada vez mais perto e você ouve a porta da casa do seu vizinho ser arrombada por policiais, que quebram tudo, gritam com ele e com sua família. Em seguida você vê os policiais saírem arrastando um saco preto. E sabe que é o seu vizinho dentro dele. Por quê? Você nao pergunta o porquê, do contrário será o próximo a ser esculachado, a ter todos os seus bens, duramente conquistados com trabalho, destruídos. Se você está em casa, nao pode sair. Se você está na rua, nao pode entrar.

O que você faz?
Nada.
Você nao faz nada porque nao aconteceu com você. (…)
Isso só acontece na favela, com os outros, aqueles que trabalham para você em serviços mal remunerados.
Aconteceu na Nova Holanda, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, na 2a feira passada. Com a justificativa de que pessoas se aproveitavam da manifestaçao que ocorria na Avenida Brasil – o nome sempre tao simbólico – para fazer arrastao, policiais ocuparam a favela. 1 sargento do BOPE morreu e a vingança da polícia começou, atravessou a madrugada e boa parte da 3a feira. Saldo final: 10 mortos, entre eles ‘3 moradores inocentes’.

Leia o texto na íntegra

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