Um pouco mais de atençao pro rádio, por favor? – texto do Jayme Serva

Sou viciado em rádio. Durante os quase 3 anos que vivi sem carro, o que mais me fazia falta era justamente o rádio. O companheiro, aquele que fica ali falando, enquanto o trânsito engarrafa, as buzinas atrapalham, os problemas circulam pela mente.

Tive a honra de receber recentemente o convite para ser um dos redatores de uma campanha de prevençao de acidentes com as chuvas. A mídia? Rádio. Por que? Rádio é a mídia companheira, envolvente, insubstituível na capacidade de estar junto.

O rádio está para a TV como o gato está para o cachorro. Ambos sao companheiros, mas ao gato basta uma atençao diagonal, basta estar por perto. Ninguém precisa pegar pipoca e coca-cola para ouvir rádio.

Ao mesmo tempo, o rádio faz companhia e gera verdadeiros amigos imaginários. Como é a fisionomia do Milton Jung? Qual é o rosto da Tatiana Vasconcelos? Antes da internet revelar esse segredo midiático, cada um tinha a sua própria maneira de ver o rosto por trás de cada uma daquelas vozes tao familiares. Um repórter da CBN, Paulo Massini, passou da cobertura de geral para a equipe esportiva da emissora, quando esta se formou. Para mim, Paulo Massini era um jovem talentoso, recém-formado e magro. Quem o conhece sabe que, à exceçao do talentoso, nada mais do que eu imaginava correspondia ao radialista.

Esse meio que mexe tanto com a imaginaçao, que nos faz criar imagens a partir de sons, fisionomias a partir de vozes, por que nao consegue mais fazer boa propaganda? Curiosamente, a propaganda no rádio hoje se resume a 3 formatos básicos: o spot seco, normalmente gravado pelo locutor de cabine da emissora, o spot com trilha branca e o mais repetido de todos – o “piadinha-musiquinha-locuçao”. Quem ouviu rádio já ouviu a sequência – um diálogo esquisito, corta, solta trilha, solta locução “explicativa”, assina.

Onde estao os criativos? Onde estao os jingles? Cadê os textos? Onde está a busca por formatos originais? Será que a última peça criativa interessante para rádio foi a da loja Top Time, lá do fim dos anos 70? Atençao, criativos, planejadores e, principalmente, anunciantes – o rádio anda pedindo mais carinho de vocês.

publicidade

publicidade