Uma sujadinha aqui, outra sujadinha ali, e lá se vai a Cidade Limpa?

Desde 2007 a vida anda mais difícil para quem quer anunciar na cidade de Sao Paulo. O tempo dos imensos outdoors, distribuiçao de panfletos, placas em cada poste parece que acabou. Fachadas de prédio, coberturas, muros, tudo virava mídia. Era um tal de “lavo seu sofá”, “pago suas multas” e “trago seu amor de volta” a cada esquina, sem contar com a propaganda profissional, que trazia painéis iluminados, interativos e uma série de açoes, projetos de guerrilha e outras intervençoes urbanas.

Como cidadaos, acho que todos ganhamos. Por mais que trabalhe com marcas e estude as relaçoes de consumo buscando ir além desta “demonizaçao do consumir” sempre fui contra esta invasao das mensagens em todos os espaços públicos. Costumo trabalhar com o texto do Drummond, que fala “Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro/Sao mensagens, Letras falantes/Ordens de uso, abuso, reincidências/E fazem de mim homem-anúncio itinerante“. Acho que, como consumidores, estamos mais maduros, nao somos mais escravos da matéria anunciada. E, como comunicadores, temos o desafio de nos reinventar e pensar em outras formas de anunciar.

Por isso, acho que as brechas legais que foram encontradas na Lei da Cidade Limpa, que estao trazendo de volta imensas vitrines em prédios na Avenida Paulista, Cidade Jardim, 9 de Julho, devem ser discutidas e avaliadas de uma forma ampla. Todas estao dentro da lei – 1 metro pra dentro do estabelecimento. Estao aquecendo o mercado de vidros e iluminaçao e sao adequadas aos objetivos das suas marcas mas, se ganharem escala vao transformar a cidade em uma grande vitrine. Urbanistas, arquitetos, designers estao no debate, representando os donos das lojas de um lado e a Prefeitura de outro. Vale acompanhar e participar da conversa. Neste debate representamos vários papéis: publicitários, consumidores, cidadaos, empresários.

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