Veio dos EUA nos ensinar como tumultuar protestando, por exemplo, contra a Copa

Materia de Silas Marti na Folha de domingo, passou batida? Aqui tambem mas, finalmente, esta noite, eu li. Saiu sob o titulo ‘Baderna organizada’ nesta página da Ilustrada. A Folha passa como uma situaçao verdadeira, uma historia autêntica.

Um grupo de cerca de 100 ativistas, entre eles barbudos, mocinhas universitárias, skatistas e até rapazes com cara de advogado assistiam sem piscar à palestra do moço magrinho que tentava ensinar como mudar o mundo. Ou pelo menos chamar a atençao – começa o texto.

“Sean Dagohoy, artista do coletivo americano Yes Men, acabava de mostrar como seu grupo fez para simular a página de uma gigante do petróleo (poderia ser a Petrobras?) e ridicularizar a empresa em anúncios falsos” – “Depois eu conto como fazer esses sites falsos”, dizia a uma plateia boquiaberta no espaço Matilha Cultural.

“No centro cultural em Sao Paulo, Dagohoy deu uma oficina de ativismo há duas semanas, com a ideia de preparar manifestantes para agir durante a Copa, aproveitando o circo midiático em torno do megaevento no país”. Nada pareceu ilegal ao reporter do jornal br.

“Os membros do Yes Men, aliás, sabem muito bem como chamar a atençao e dominar as manchetes” – ele narra – “Há 10 anos, num dos seus atos mais famosos, Andy Bichlbaum, um dos fundadores do grupo, deu entrevista à rede britânica BBC fingindo ser porta-voz da empresa Dow Chemical. Ele prometia, em entrevista transmitida ao vivo, indenizar as famílias das mais de 3.000 vítimas de um vazamento de gás na Índia – ocorrido em 1984, o desastre é considerado o mais grave acidente industrial da história. Em minutos, o valor de mercado do grupo americano caiu R$ 4,4 bilhoes” (…)

“Durante as 3 horas do encontro, batizado de Yes Lab, Dagohoy pediu para que o público se dividisse em grupos e circulasse pelo espaço formando rodinhas para pensar em açoes de protesto contra o Mundial de futebol”.

“Dessas conversas, que nao podiam passar de 10 minutos, surgiram ideias curiosas” – conta a Folha – “Um grupo sugeriu alagar o Itaquerao no dia de abertura da Copa. Outro queria sabotar teloes do estádio para “mostrar imagens que desqualifiquem” o torneio, sem contar os que queriam vender papelotes de crack de mentira embrulhados com figurinhas dos craques do campeonato”.

“Em tom professoral, Dagohoy lembrava aos participantes que as consequências de atos como esses variam de país para país e que nao podia se responsabilizar pela “eventual brutalidade daqueles que estao no poder” (!)

Segue a Folha – “Em encontros assim, o grupo treinou ativistas que participaram do movimento Occupy Wall Street, em Nova Iorque, e também estiveram em Istambul no calor dos protestos turcos do ano passado”.

Alguns dos exemplo da “aula” foram pinçados do livro “Bela Baderna”, uma espécie de manual para ativistas, ou “caixa de ferramentas para a revoluçao”, como diz a obra. O coletivo brasileiro Escola de Ativismo traduziu o livro, que tem alguns capítulos escritos pelos Yes Men, e organizou a palestra em SP.

Segundo disse ao jornal Gabriela Juns, membro do grupo, o coletivo nao financiou a vinda do “artista”, mas ~soube da sua viagem ao país e marcou o encontro~ Dagohoy, o “professor” americano, admtiu que “vários coletivos bancaram  sua viagem a Sao Paulo, onde teria ficado hospedado num albergue”.

Nina Liesenberg, uma das diretoras da Matilha, afirma que apenas cedeu o espaço – “Queremos contribuir para que pessoas sejam agentes de mudança”, disse.

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