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Velocidade da informaçao – um desafio para institutos e candidatos em 2016
À medida que as práticas denominadas de ‘Big Data‘ vao demonstrando suas possibilidades, mais se questiona o papel das pesquisas, principalmente no que se refere à previsao dos resultados eleitorais. Este foi o tema de um artigo este final de semana no Financial Times ao descrever uma visita ao quartel general da campanha de HIllary Clinton, onde um “batalhao geek” tenta definir os esforços (e a mídia) de campanha nao por município ou bairro, mas por quarteiroes e ruas, repetindo o feito da campanha de Obama em 2012.
Mas no meu entender, a principal “ameaça” para as pesquisas eleitorais nao está no uso de algoritmos para prever comportamentos e/ou direcionar investimentos de campanha, e sim na velocidade de disseminaçao das informaçoes que cresce de forma exponencial, livre do controle dos mecanismos tradicionais (mídia, partidos, etc) – este aliás foi um dos temas debatidos em um seminário sobre redes digitais e opiniao pública na FGV na semana passada.
Em meados dos anos 90 coletei os resultados urna a urna das 7 eleiçoes entre 1982 e 1992, para uma dissertaçao sobre o comportamento eleitoral na capital paulista. Minha hipótese era que o voto mudaria mais na periferia, devido a maior sensibilidade aos estímulos de curto prazo (camisetas, cestas básicas, promessas de emprego) sobre este eleitor. O resultado foi exatamente o oposto: os locais onde mais se mudava o voto ao longo daquele período era nas regioes mais ricas, onde viviam os eleitores teoricamente mais “conscientes”. A melhor explicaçao talvez esteja em um clássico da ciência política, publicado no final dos anos 50: ‘An Economic Theory of Democracy’, de Anthony Downs: quanto mais informaçao uma pessoa recebe, maior a probabilidade dela alterar suas preferências. Se estes pressupostos se mantêm ao longo dos últimos 20 anos, a disseminaçao da Web e das redes sociais vai tornar a volatilidade das escolhas um desafio cada vez maior para candidatos e institutos de pesquisa – certamente um dos grandes temas para 2016.
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